Berlim, 20 dez (RV) - O que na Alemanha é visto como um percentual “surpreendentemente
elevado” é pouco na comparação internacional. Somente os britânicos, franceses e russos
são menos religiosos do que os alemães. Setenta por cento dos alemães podem ser classificados
como “religiosos”, 20% até se consideram “profundamente religiosos”. É o que aponta
o chamado “monitor da religião”, uma pesquisa representativa internacional realizada
pela Fundação Bertelsmann, uma das mais renomadas da Alemanha.
A pesquisa constata
um grande desnível entre o Leste e o Oeste do país: enquanto nos chamados antigos
estados alemães 78% dizem ser religiosos, nos novos estados - território da ex-Alemanha
comunista - esse índice não chega à metade. No total, quase um terço dos alemães se
classificam como não religiosos.
O islã reúne a terceira maior comunidade religiosa,
sendo professado por cerca de 4% dos alemães. O judaísmo e o budismo contabilizam,
cada qual, a adesão de menos de 0,5% da população alemã. Não foi possível medir o
percentual de hindus no país. Na comparação internacional, a Alemanha
aparece entre os países de mais baixo índice de religiosidade. Líderes do ranking
são a Nigéria, o Brasil e a Índia, onde 99% da população se considera religiosa.
Os
resultados alemães confirmam uma tendência verificada na Europa Ocidental e coincidem
em grande parte com os da Suíça e da Áustria. Mas há também exceções, como a Itália,
onde 89% dizem ser religiosos. O mesmo índice foi registrado nos EUA, que superam
em muito a média européia.
Segundo o coordenador do estudo, Martin Rieger,
em alguns países foi impossível realizar a pesquisa por motivos políticos. O Egito
proibiu a realização da enquete. Na China, seriam necessárias inúmeras autorizações
que impediriam a conclusão do estudo no prazo previsto.
No estudo, religiosidade
não significa pertencer a determinada instituição religiosa. O “monitor da religião”
orienta-se por um “conceito substancial de religião”, uma espécie de ocupação emocional
com questões transcendentais. A pesquisa não pôde confirmar um aumento ou uma diminuição
da religiosidade na Alemanha, visto que faltam resultados de anos anteriores.
A
Igreja Católica na Alemanha saudou os resultados. “Alegramo-nos pelo fato de que no
fundo da sociedade ainda exista uma religiosidade mais profunda do que sempre se supôs”,
disse o diretor do escritório católico junto ao governo alemão, prelado Karl Jüsten.
(SP)