TERRA SANTA: CRISTIANISMO UMA REALIDADE CADA VEZ MENOR
Cidade do Vaticano, 19 dez (RV) - O Cristianismo é uma realidade cada vez menor
no território em que Jesus nasceu e viveu. Hoje os cristãos representam pouco mais
de 1% da população israelense e palestina, sem grande peso político ou econômico,
mas asseguram que a sua presença ali nunca irá desaparecer.
Sobre esta realidade,
o Custódio da Terra Santa, o franciscano Pierbattista Pizzaballa falou na última segunda-feira
durante um encontro com os jornalistas na sala de imprensa da Santa Sé. Os franciscanos
são responsáveis pela conservação dos lugares ligados ao início do Cristianismo.
A “difícil” situação dos cristãos levou o Pe. Pizzaballa a centrar a sua intervenção
numa palavra, “sofrimento”, em função das dificuldades políticas, económicas e sociais
da região. 60% dos cerca de 170 mil cristãos da zona vive em Israel e 99% tem origem
árabe-palestina. A discriminação é dupla, seja pela origem étnica, seja pelo fato
de, embora árabes, não professarem o Islão, o que leva a uma forte emigração dos cristãos,
em especial nas zonas controladas pela Autoridade Palestina.
O drama é particularmente
sentido em Belém, local onde a tradição cristã situa o nascimento de Jesus. O conflito
entre facções palestinianas tem um forte impacto na vida económica e social, à beira
do colapso, apesar do aumento dos números do turismo religioso em 2007.
A
construção, por parte de Israel, do muro de segurança na Cisjordânia, com os seus
numerosos postos de controle, complicou ainda mais a vida da população que trabalha
em Jerusalém e dificulta o acesso ao local por parte dos turistas, principal fonte
de receitas de muitas famílias de Belém. A restrição do acesso aos Lugares Santos
de Jerusalém e a Belém pode ainda agravar as divisões religiosas na área, que tem
uma importância decisiva para cristãos, muçulmanos e judeus.
A Igreja Católica
encontra problemas, por outro lado, na obtenção de vistos para padres e religiosos
oriundos de países árabes, de onde chega “um terço das nossas vocações”, como referiu
o religioso Franciscano. Apesar das dificuldades, o Pe. Pizzaballa assegura que “a
nossa comunidade é muito convicta”. “Somos poucos, somos pequenos, mas estamos ali
e ali permaneceremos”, afirmou. Além de um papel social relevante, a presença cristã
é importante no plano do diálogo com israelenses e palestinos.
Durante a coletiva
de imprensa, o Custódio da Terra Santa adiantou que o presidente da Autoridade Nacional
Palestiniana, Abu Mazen, estará presente na “Missa do Galo”, em Belém, seguindo uma
tradição iniciada por Yasser Arafat. (SP)