Discriminados, os cristãos continuam a sofrer na terra natal de Jesus.
(18/12/2007) O Cristianismo é uma realidade cada vez mais residual no território
em que Jesus nasceu e viveu. Hoje os cristãos representam pouco mais de 1% da população
israelita e palestiniana, sem grande peso político ou económico, mas asseguram que
a sua presença ali nunca irá desaparecer. Foi para falar desta realidade que a
Sala de Imprensa da Santa Sé recebeu esta Segunda-feira o Pe. Pierbattista Pizzaballa,
responsável máximo da Custódia da Terra Santa, instituição dos Franciscanos para a
conservação dos lugares ligados ao início do Cristianismo, criada e estabelecida por
São Francisco de Assis em 1209. A “difícil” situação dos cristãos levou o Pe.
Pizzaballa a centrar a sua intervenção numa palavra, “sofrimento”, em função das dificuldades
políticas, económicas e sociais da região. 60% dos cerca de 170 mil cristãos da
zona vive em Israel e 99% tem origem árabe-palestiniana. A discriminação é dupla,
seja pela origem étnica, seja pelo facto de, embora árabes, não professarem o Islão,
o que leva a uma forte emigração dos cristãos, em especial nas zonas controladas pela
Autoridade Palestiniana. O drama é particularmente sentido em Belém, local onde
a tradição cristã situa o nascimento de Jesus. O conflito entre facções palestinianas
tem um forte impacto na vida económica e social, à beira do colapso, apesar do aumento
dos números do turismo religioso em 2007. A construção, por parte de Israel, do
muro de segurança na Cisjordânia, com os seus numerosos checkpoints, complicou ainda
mais a vida da população que trabalha em Jerusalém e dificulta o acesso ao local por
parte dos turistas, principal fonte de receitas de muitas famílias de Belém. A restrição
do acesso aos Lugares Santos de Jerusalém e a Belém pode ainda agravar as divisões
religiosas na área, que tem uma importância decisiva para cristãos, muçulmanos e judeus.
A Igreja Católica encontra problemas, por outro lado, na obtenção de vistos para
padres e religiosos oriundos de países árabes, de onde chega “um terço das nossas
vocações”, como referiu o religioso Franciscano. Apesar das dificuldades, o Pe.
Pizzaballa assegura que “a nossa comunidade é muito convicta”. “Somos poucos, somos
pequenos, mas estamos aqui e permaneceremos”, indica. Além de um papel social relevante,
a presença cristã é importante no plano do diálogo com israelitas e palestinianos.
Nesta conferencia de imprensa, aqui em Roma, o Custódio da Terra Santa adiantou
que o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Abu Mazen, estará presente na
“Missa do Galo”, em Belém, seguindo uma tradição iniciada por Yasser Arafat.