Bispos portugueses pedem um Natal genuíno: familia e solidariedade ganham destaque
nas mensagens enviadas aos fiéis das suas dioceses
(18/12/2007) A família e as crianças ganham destaque nas mensagens de Natal que os
bispos portugueses enviam aos fiéis das suas Dioceses neste ano de 2007. D. Jorge
Ortiga, Bispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembra o valor
“incalculável” da família. Nesta quadra, o Bispo de Braga quer ter presente quem se
encontra longe dos lares, os sem abrigo, os pais que estão sozinhos, os casais separados,
os filhos sem o amor dos pais, as situações de violência doméstica ou a exploração
infantil e as situações de pobreza onde escasseiam os alimentos. São todas formas
de negação de “dom” duma Família harmoniosa, indica. Por isso, D. Jorge Ortiga formula
desejos de participação pela “qualidade” desse mesmo “dom” através do muito ou pouco
que deve oferecer. E lembra que o Natal pode ser “um momento de diálogo”, para “mudar”.
O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, lembra as “muitas crianças abandonadas”.
“Os jornais falam-nos frequentemente de meninos maltratados e de outros obrigados
a trabalhos que rendem”, escreve o Bispo de Coimbra, lembrando que “nós, cristãos,
não podemos esquecer os milhares de crianças a quem já não damos a conhecer o amor
que Jesus lhes tem”. D. Albino encoraja as famílias a adoptar e pede à opinião
pública e aos poderes constituídos que se convençam de que as instituições para menores
são “uma necessidade que devemos compreender e acarinhar”. D. Manuel Pelino, Bispo
de Santarém refere que o anúncio de dois mil anos mantém toda a actualidade. O mundo
de hoje, apesar do grande progresso técnico, “tem necessidade de conhecer e acolher
o anúncio do Natal” para passar do “desespero à esperança, do individualismo à solidariedade,
das trevas à luz, da vaidade à humildade, da fachada exterior à riqueza interior do
coração”. No entanto, o espírito de Natal “corre o risco de ser abafado e suplantado
pela dispersão ruidosa das festas, pelos apelos da publicidade ao consumismo”, indica.
As crianças são um “forte motivo de encanto e de esperança” numa sociedade que
envelhece. O Bispo de Santarém pede “o crescimento da natalidade para rejuvenescer
o mundo” e indica que “as crianças precisam e merecem as prendas do afecto, da atenção,
da orientação”. A construção de presépios é uma tradição cultural avivada agora
enquanto memória do acontecimento original. “Precisamos de recuperar também a riqueza
do significado deste sinal que manifesta o amor misericordioso”, do Menino que “nos
estende os braços para ensinar a simplicidade, a fraternidade e a misericórdia como
caminho para um mundo novo”. Consumismo O Bispo de Leiria – Fátima,
D. António Marto sublinha que os enfeites de Natal já fazem parte da festa, mas muitos
já nem sabem a origem desta tradição. D. António Marto pede “menos coisas, menos consumismo
e mais relações ternas e fraternas”. D. António Marto evidencia que o Natal não
equivale a uma comemoração dos aniversários, pois “é um momento particular”, que encontra
espaço “na grande necessidade de intimidade e de paz”. Sem a “ternura do Natal”, o
mundo tornar-se-ia “inóspito, árido, frio, inabitável, desumano”. Mas o que torna
a ternura concreta e contagiante “não são as coisas, mas as relações interpessoais,
que são a essência da riqueza humana”. O Bispo de Aveiro, D. António Francisco
dos Santos aponta que crentes e não crentes não sabem viver sem o Natal. “As sociedades
e as pessoas já não sabem nem podem viver sem Natal. Ele faz parte não só da sua matriz
cultural mas também da sua identidade social e da sua dimensão religiosa”. Mas
em “época de assumida globalização”, cumpre aos cristãos “oferecer o Natal ao mundo”,
assumindo com alegria, serenidade e coragem, a missão de fazer que o Natal “se renove
e celebre no íntimo do coração humano, no ambiente sagrado da família e na liturgia
festiva da comunidade”, para que “o mundo acredite e a esperança de um futuro feliz
para a humanidade se multiplique”. D. António Vitalino, Bispo de Beja afirma que
através de testemunhos de discípulos, “alguns mais fiéis e corajosos que outros”,
continua a revelar-se possível, celebrar o Natal. Exemplos de amor, de verdade, justiça,
solidariedade, atenção e ajuda aos mais débeis, de misericórdia, perdão, dom da vida”.
O Bispo de Beja pede aos seus diocesanos que “a trabalhar nas paróquias ou serviços
diocesanos”, para se deixarem imbuir do espírito de Natal, para “continuarmos a falar
de Deus ao mundo, sobretudo com o testemunho da nossa vida pessoalmente desprendida
dos interesses egoístas e comprometida com os mais débeis e indefesos, crianças, idosos,
doentes, migrantes explorados, mães solteiras, mulheres vítimas de violência doméstica
e pessoas a viver na solidão”. D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, evidencia que
sem atitudes de “escuta, desejo de aprender, celebrar, viver e ensinar estes valores,
não há Natal”, ainda que haja tudo o resto que constitui a cultura, a tradição e os
hábitos familiares, religiosos e sociais do Natal. O Bispo de Viseu pede neste
Natal, o acolhimento destes valores e o testemunho de vida, “capaz de ver em cada
homem um irmão e tudo fazer para que ele” Solidariedade D. José Alves,
Bispo de Portalegre – Castelo Branco, lembra que a celebração do Natal é um “forte
convite a abrir os olhos da fé para ver e compreender o que se passa à nossa volta:
o bem e o mal”. Este tempo significa um convite a vencer as barreiras do egoísmo
que impedem de ver o mundo e de efectivar a paz social, “a harmonia das famílias consolidadas
no amor”. O Bispo de Portalegre – Castelo Branco indica que o Natal é também um
convite “a abrir o coração e a deixar-se compadecer perante as injustiças e misérias
que afligem tantos seres humanos iguais a nós em dignidade”. D. Januário Torgal
Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, evoca nesta quadra os que morreram,
e de forma muito especial, “o Sérgio Pedrosa, em Novembro último, no Afeganistão”.
D. Januário recorda os familiares dos que faleceram e envia desejos de feliz Natal
a todos os membros das Forças Armadas e de Segurança e a quem, distante do país, está
alistado nas Forças Nacionais Destacadas. O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente
lembra que a recente assinatura do Tratado de Lisboa aconteceu “nos Jerónimos, que
realmente se chamam Santa Maria de Belém”. Este é um “prenúncio dum Continente mais
solidário, para o bem comum de todos os seus habitantes, e mais motivado para o seu
papel no mundo, no construção conjunta da justiça e da paz”. O Natal continua
“inspirador e motivador de pensamentos e acções”, lembra o Bispo do Porto, quando
o aceitamos no seu “irredutível significado”, para além “do mero cenário ou pretexto,
irredutível a qualquer consumismo ou devaneio”. ( Em Ecclesia )