2007-12-18 12:21:25

Bispos portugueses pedem um Natal genuíno: familia e solidariedade ganham destaque nas mensagens enviadas aos fiéis das suas dioceses


(18/12/2007) A família e as crianças ganham destaque nas mensagens de Natal que os bispos portugueses enviam aos fiéis das suas Dioceses neste ano de 2007.
D. Jorge Ortiga, Bispo de Braga e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa lembra o valor “incalculável” da família. Nesta quadra, o Bispo de Braga quer ter presente quem se encontra longe dos lares, os sem abrigo, os pais que estão sozinhos, os casais separados, os filhos sem o amor dos pais, as situações de violência doméstica ou a exploração infantil e as situações de pobreza onde escasseiam os alimentos.
São todas formas de negação de “dom” duma Família harmoniosa, indica. Por isso, D. Jorge Ortiga formula desejos de participação pela “qualidade” desse mesmo “dom” através do muito ou pouco que deve oferecer. E lembra que o Natal pode ser “um momento de diálogo”, para “mudar”.
O Bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, lembra as “muitas crianças abandonadas”. “Os jornais falam-nos frequentemente de meninos maltratados e de outros obrigados a trabalhos que rendem”, escreve o Bispo de Coimbra, lembrando que “nós, cristãos, não podemos esquecer os milhares de crianças a quem já não damos a conhecer o amor que Jesus lhes tem”.
D. Albino encoraja as famílias a adoptar e pede à opinião pública e aos poderes constituídos que se convençam de que as instituições para menores são “uma necessidade que devemos compreender e acarinhar”.
D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém refere que o anúncio de dois mil anos mantém toda a actualidade. O mundo de hoje, apesar do grande progresso técnico, “tem necessidade de conhecer e acolher o anúncio do Natal” para passar do “desespero à esperança, do individualismo à solidariedade, das trevas à luz, da vaidade à humildade, da fachada exterior à riqueza interior do coração”. No entanto, o espírito de Natal “corre o risco de ser abafado e suplantado pela dispersão ruidosa das festas, pelos apelos da publicidade ao consumismo”, indica.
As crianças são um “forte motivo de encanto e de esperança” numa sociedade que envelhece. O Bispo de Santarém pede “o crescimento da natalidade para rejuvenescer o mundo” e indica que “as crianças precisam e merecem as prendas do afecto, da atenção, da orientação”.
A construção de presépios é uma tradição cultural avivada agora enquanto memória do acontecimento original. “Precisamos de recuperar também a riqueza do significado deste sinal que manifesta o amor misericordioso”, do Menino que “nos estende os braços para ensinar a simplicidade, a fraternidade e a misericórdia como caminho para um mundo novo”.
Consumismo
O Bispo de Leiria – Fátima, D. António Marto sublinha que os enfeites de Natal já fazem parte da festa, mas muitos já nem sabem a origem desta tradição. D. António Marto pede “menos coisas, menos consumismo e mais relações ternas e fraternas”.
D. António Marto evidencia que o Natal não equivale a uma comemoração dos aniversários, pois “é um momento particular”, que encontra espaço “na grande necessidade de intimidade e de paz”. Sem a “ternura do Natal”, o mundo tornar-se-ia “inóspito, árido, frio, inabitável, desumano”. Mas o que torna a ternura concreta e contagiante “não são as coisas, mas as relações interpessoais, que são a essência da riqueza humana”.
O Bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos aponta que crentes e não crentes não sabem viver sem o Natal. “As sociedades e as pessoas já não sabem nem podem viver sem Natal. Ele faz parte não só da sua matriz cultural mas também da sua identidade social e da sua dimensão religiosa”.
Mas em “época de assumida globalização”, cumpre aos cristãos “oferecer o Natal ao mundo”, assumindo com alegria, serenidade e coragem, a missão de fazer que o Natal “se renove e celebre no íntimo do coração humano, no ambiente sagrado da família e na liturgia festiva da comunidade”, para que “o mundo acredite e a esperança de um futuro feliz para a humanidade se multiplique”.
D. António Vitalino, Bispo de Beja afirma que através de testemunhos de discípulos, “alguns mais fiéis e corajosos que outros”, continua a revelar-se possível, celebrar o Natal. Exemplos de amor, de verdade, justiça, solidariedade, atenção e ajuda aos mais débeis, de misericórdia, perdão, dom da vida”.
O Bispo de Beja pede aos seus diocesanos que “a trabalhar nas paróquias ou serviços diocesanos”, para se deixarem imbuir do espírito de Natal, para “continuarmos a falar de Deus ao mundo, sobretudo com o testemunho da nossa vida pessoalmente desprendida dos interesses egoístas e comprometida com os mais débeis e indefesos, crianças, idosos, doentes, migrantes explorados, mães solteiras, mulheres vítimas de violência doméstica e pessoas a viver na solidão”.
D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, evidencia que sem atitudes de “escuta, desejo de aprender, celebrar, viver e ensinar estes valores, não há Natal”, ainda que haja tudo o resto que constitui a cultura, a tradição e os hábitos familiares, religiosos e sociais do Natal.
O Bispo de Viseu pede neste Natal, o acolhimento destes valores e o testemunho de vida, “capaz de ver em cada homem um irmão e tudo fazer para que ele”
Solidariedade
D. José Alves, Bispo de Portalegre – Castelo Branco, lembra que a celebração do Natal é um “forte convite a abrir os olhos da fé para ver e compreender o que se passa à nossa volta: o bem e o mal”.
Este tempo significa um convite a vencer as barreiras do egoísmo que impedem de ver o mundo e de efectivar a paz social, “a harmonia das famílias consolidadas no amor”.
O Bispo de Portalegre – Castelo Branco indica que o Natal é também um convite “a abrir o coração e a deixar-se compadecer perante as injustiças e misérias que afligem tantos seres humanos iguais a nós em dignidade”.
D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, evoca nesta quadra os que morreram, e de forma muito especial, “o Sérgio Pedrosa, em Novembro último, no Afeganistão”. D. Januário recorda os familiares dos que faleceram e envia desejos de feliz Natal a todos os membros das Forças Armadas e de Segurança e a quem, distante do país, está alistado nas Forças Nacionais Destacadas.
O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente lembra que a recente assinatura do Tratado de Lisboa aconteceu “nos Jerónimos, que realmente se chamam Santa Maria de Belém”. Este é um “prenúncio dum Continente mais solidário, para o bem comum de todos os seus habitantes, e mais motivado para o seu papel no mundo, no construção conjunta da justiça e da paz”.
O Natal continua “inspirador e motivador de pensamentos e acções”, lembra o Bispo do Porto, quando o aceitamos no seu “irredutível significado”, para além “do mero cenário ou pretexto, irredutível a qualquer consumismo ou devaneio”.
( Em Ecclesia )







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