Recordar que o lucro e o sucesso profissional não é tudo na vida: exortação do Papa
aos Bispos japoneses
(15/12/2007) Proclamar corajosamente Cristo é para a Igreja “uma prioridade permanente”,
“solene dever confiado por Cristo aos Apóstolos”: recordou Bento XVI, recebendo, neste
sábado, os bispos japoneses, na conclusão da respectiva visita “ad limina Apostolorum”.
O Papa exortou-os a “procurarem novos caminhos para transmitir de modo vivo a mensagem
de Cristo na forma cultural do Japão moderno”. “A fé é um tesouro que precisa de ser
partilhado com toda a sociedade japonesa”.
Para Bento XVI, “o mundo tem fome
da mensagem de esperança que o Evangelho contém”. “Mesmo em países altamente
desenvolvidos como o vosso, muitos estão descobrindo que o sucesso económico e a tecnologia
avançada não são suficientes em si mesmo de satisfazer plenamente o coração humano.
Quem não conhece Deus, ‘em última análise permanece sem esperança, sem a grande esperança
que sustenta o conjunto da vida. Recordai às pessoas que o lucro e o sucesso profissional
não é tudo na vida”.
Sobretudo os jovens – advertiu o Papa – correm o risco
de ficar desiludidos perante a moderna cultura secular. “As esperanças maiores ou
menores suscitadas à primeira vista acabam por se revelar como uma falsa esperança,
dando então lugar, tragicamente, a uma desilusão que por vezes leva à depressão e
ao desespero, se não mesmo ao suicídio. Se as suas energias e o entusiasmo de jovens
forem orientadas para as coisas de Deus, o Único que pode satisfazer as suas mais
profundas aspirações, mais jovens poderão ser inspirados a entregar as suas vidas
a Cristo, e alguns deles reconhecerão uma chamada a servi-lo no sacerdócio e na vida
religiosa”.
Comentando o facto de mais de metade da população católica, no
Japão, ser constituída por imigrantes, Bento XVI referiu a oportunidade que tal circunstância
oferece “para enriquecer a vida da Igreja no país e fazer a experiência da verdadeira
catolicidade do povo de Deus”.
“O Japão moderno optou abertamente por se
empenhar com o mundo todo, e a Igreja Católica, com a sua dimensão universal, pode
fornecer um precioso contributo a este processo de ainda maior abertura à comunidade
internacional. Outras nações podem também aprender do Japão, do património de
sabedoria da sua antiga cultura, e especialmente do testemunho de paz que tem caracterizado
nos últimos sessenta anos a sua posição na cena política.”
O Papa congratulou-se
com o facto de os bispos católicos do Japão terem feito ouvir a voz da Igreja sobre
a importância deste testemunho, por maioria de razão num mundo onde conflitos armados
tanto sofrimento provocam em pessoas inocentes”. “A mensagem de esperança de
que o Evangelho é portador – observou Bento XVI, a concluir – pode verdadeiramente
tocar as mentes e os corações, levando a uma maior confiança no futuro, a mais amor
e respeito pela vida, promovendo abertura para com os estrangeiros e imigrantes temporários.
Quem tem esperança, vive de modo diferente, pois lhe foi dada uma vida nova”.