Ásia e África uma prioridade para a Igreja na conferência de imprensa de apresentação
de uma "nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização"
(14/12/2007) Quatro responsáveis dos mais importantes Dicasterios da Cúria Romana
apresentaram esta sexta feira na Sala de Imprensa da Santa Sé um documento sobre
a evangelização e defenderam a necessidade de levar a mensagem e a presença da Igreja
cada vez mais longe, em especial na Ásia e África. O Prefeito da Congregação para
a Doutrina da Fé (CDF), Cardeal William Joseph Levada, explicou a publicação da “Nota
doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização”, por ele assinada, frisando que
o anúncio de Jesus “pertence à própria natureza da Igreja”. Após uma breve apresentação
da Nota , negou que a Igreja Católica seja responsável por qualquer “forma negativa
de proselitismo” quando está em causa a conversão de alguém. “Espero que este
documento sirva como instrumento para a renovação dos esforços evangelizadores dos
católicos e de todos os cristãos, e que seja um guia para a unidade e a fraternidade
de toda a família humana”, concluiu.
O secretário da CDF, Arcebispo Angelo
Amato, defendeu que “nada é mais urgente e importante, para os cristãos, do que ser
um eco credível” da presença e da esperança em Jesus. Sublinhando que a Igreja
não é uma “utopia política”, este responsável indicou que ela é “instrumento de verdadeira
humanização do homem e do mundo”. Ásia
O Cardeal Ivan Dias, Prefeito da
Congregação para a Evangelização dos Povos, apresentou uma reflexão sobre as implicações
desta Nota no continente asiático, de onde é natural, região profundamente marcada
pelo pluralismo religioso e berço de grandes religiões mundiais. A evangelização
neste contexto, assinalou, não é “uma novidade para a Igreja”, mas é hoje particularmente
desafiante, dado que os fiéis dessas várias religiões “encontram-se e interagem mais
do que em qualquer outro período da história humana”. O Cardeal indiano defendeu
que é tarefa dos cristãos ver o que existe de positivo nessas várias tradições e “conduzi-las,
sem complexos de superioridade, para a plenitude da vida religiosa em Cristo, que
é caminho, verdade e vida”. Depois de apelar a um “profundo respeito” pelas outras
religiões, D. Ivan Dias retomou as críticas expressas na Nota da CDF aos que julgam
que “os não-cristãos podem salvar-se com os seus próprios meios”, tornando “irrelevante”
o anúncio da “Boa Nova de Jesus Cristo”. O diálogo inter-religioso foi apresentado
como um “modo indirecto de evangelização”, esfera privilegiada neste continente, permitindo
que os cristãos apresentem a sua própria identidade sem a querer impor. Simbolicamente,
o membro da Cúria Romana recorreu à figura dos Magos que foram adorar Jesus, o Deus
que “adoravam sem o conhecer”. África A evangelização entre os seguidores
das religiões tradicionais africanas dominou o discurso do Cardeal Francis Arinze,
Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. O
Cardeal nigeriano falou das implicações desta Nota nos países subsaarianos, cujo contexto
religioso é dominado por práticas tradicionais, “geralmente marcadas pela crença num
único Deus, em espíritos bons e maus e nos antepassados”. Referindo-se a uma cultura
“com marcado sentido do sagrado, que acredita na vida depois da morte”, D. Arinze
indicou que os missionários cristãos encontraram neste contexto religioso “uma preparação
providencial” para o Evangelho. Segundo este responsável, a proposta dos missionários
“respeita a liberdade humana dos africanos e a sua capacidade de conhecer e amar o
que é bom e verdadeiro”.