CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ PUBLICA "NOTA DOUTRINAL SOBRE ALGUNS ASPECTOS DA
EVANGELIZAÇÃO"
Cidade do Vaticano, 14 dez (RV) - A Congregação para a Doutrina da Fé publicou,
na manhã desta sexta-feira, uma "Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização".
O documento, aprovado pelo papa, reitera a necessidade do anúncio do Evangelho
a todas as pessoas, evitando os riscos do relativismo e da indiferença religiosa.
A "Nota doutrinal" foi apresentada pelo cardeal prefeito dessa congregação
vaticana, William Joseph Levada, com o auxílio do secretário do mesmo organismo, Arcebispo
Angelo Amato. Também estavam presentes o prefeito da Congregação para a Evangelização
dos Povos, Cardeal Ivan Dias, e o prefeito da Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Francis Arinze.
"O anúncio e o testemunho
do Evangelho são os primeiros serviços que os cristãos podem oferecer a todas as pessoas
e a todo o gênero humano, chamados a comunicar a todos o amor de Deus, que é manifestado
em plenitude pelo único Redentor do mundo, Jesus Cristo."
A Nota cita essas
palavras de Bento XVI, para reafirmar, no pleno respeito à liberdade religiosa, o
direito de toda pessoa, de conhecer a verdade que salva e o direito e o dever de cada
fiel, de anunciá-la.
O documento fala de "uma crescente confusão que induz
muitos" a não seguirem "o comando missionário do Senhor", como se fosse "um atentado
à liberdade do próximo" ou "uma atitude de intolerância".
Para certas pessoas,
seria suficiente oferecer um testemunho de caráter social ou bastaria "ajudar os homens
a serem mais homens ou mais fiéis à própria religião": por outro lado, se reafirma
que "a Igreja é necessária para a salvação", verdade que não se contrapõe ao fato
que, Deus "quer que todos os homens sejam salvos".
De fato, segundo o texto,
"mesmo que os não-cristãos possam salvar-se, mediante a graça que Deus doa através
de caminhos que só Ele conhece, a Igreja não pode deixar de lado, o fato de que a
eles falta um grandioso bem neste mundo: conhecer a verdadeira face de Deus e amizade
com Jesus Cristo" e que "viver na obscuridade, sem a verdade sobre as questões últimas,
é um mal e muitas vezes, motivo de sofrimentos e escravidões dramáticas."
Hoje,
revela a nota, "a legítima pluralidade de posições cedeu lugar a um indiferenciado
pluralismo, fundamentado na afirmação de que todas as posições se equivalem". Além
disso, "o respeito pela liberdade religiosa e sua promoção não devem, de forma alguma,
nos tornar indiferentes à verdade e ao bem".
Por outro lado, sublinha-se que
a liberdade religiosa é "um direito que, infelizmente, em algumas partes do mundo,
ainda não é legalmente reconhecido e também não é respeitado de fato".
Na frente
ecumênica, a Nota exorta à colaboração com as outras confissões cristãs, no respeito
por suas tradições, mas excluindo todas as formas de confusão. Trata-se de promover
"um diálogo respeitoso da caridade e da verdade": atitude que não exime "da responsabilidade
de anunciar em plenitude, a fé católica aos outros cristãos" sem cair na acusação
de proselitismo.
O documento afirma que a Igreja não visa nenhum poder: deseja
simplesmente que todos os homens "tenham a plenitude da verdade e os meios de salvação
para entrar na liberdade da glória dos filhos de Deus". (JD/AF)