Cimeira União Europeia - África, com direitos humanos na agenda, um marco para o futuro
das relações entre os dois continentes.
(10/12/2007) A II cimeira União Europeia (UE)- África terminou, com uma nova parceria
estratégica e a certeza de que os líderes africanos e europeus disseram, em Lisboa,
o que lhes ia na alma. O presidente em exercício da UE sintetizou a cimeira "deu voz"
a questões há muito não debatidas e permitiu que as relações entre os dois continentes
possam ir melhorando "passo a passo".
Bruxelas conseguiu assinar acordos comerciais
intercalares com África - segundo disse Barroso para colmatar o vazio que se abrirá
a 1 de Janeiro ao expirar o Acordo de Cotonu -, apesar do desacordo do Senegal e da
Nigéria (ler texto em baixo).
"África também tem de ganhar", assinalou o presidente
da Comissão Africana, para quem a pobreza do continente se deve "à relação desigual
e à má governação". Nesta matéria, Oumar Konaré lembrou que a UE irá ter um embaixador
em Adis Abeba junto da União Africana (UA) que ajudará a monitorizar os casos.
Em
matéria de direitos humanos, a UE - com o presidente da Comissão, Durão Barroso, a
assumir na conferência de Imprensa final o protagonismo que, na véspera, coube a José
Sócrates - levou à cimeira e condenou com veemência pela voz da chanceler alemã, Angela
Merkel, o regime de Robert Mugabe que há 27 anos governa o Zimbabué (ler texto na
página seguinte).
Sobre o Darfur, Sócrates disse estar esperançado que haja
progressos e lembrou que na reunião com o presidente do Sudão foi deixada "uma mensagem
de urgência" quanto à colocação no território da força híbrida. Porque "não há tempo
a perder".
Nos fluxos migratórios, embora os 27 não tenham firmado um pacto
para conter a imigração ilegal, a cimeira permitiu aos Estados-membros mais interessados
em travar este fenómeno - como a Espanha - abrir plataformas de conversação.
Quanto
às alterações climatéricas e como o Protocolo de Quioto irá vigorar até 2012, a Europa
acredita que o acordo firmado com África permitirá "coordenar melhor posições antes
e depois de Bali", referiu Barroso.
Foi também o ex - primeiro-ministro que
melhor resumiu a ideia do sucesso da cimeira, ao afirmar que há 20 anos nenhum estado
africano admitia discutir com a Europa os direitos humanos, pois alegava logo ser
uma ingerência nos seus assuntos internos.
2010…foi o ano escolhido para a
realização da próxima cimeira EU – Africa. Fica apenas por saber qual será o país,
mas a Líbia está na linha da frente uma vez que apresentou em Lisboa a sua candidatura
neste sentido.. É um dos dados que saiu desta cimeira que terminou neste domingo
na capital portuguesa; uma cimeira sem resultados práticos mas que representa um marco
para o futuro das relações entre os dois continentes. Foram ultrapassados complexos
antigos , foram tocados temas sensíveis como os direitos humanos no Zimbabué e no
Darfur, no Sudão, e foram dados passos para um melhor conhecimento mútuo. Faltam
agora os acordos comerciais bilaterais, com o Senegal a bater com a porta, mas foi
uma excepção… A Europa abriu totalmente as portas do seu comércio ao continente
africano, mas este continente tem legitimas desconfianças, dados as diferenças de
potencial económico entre os dois continentes. Uma cimeira que mostrou
que Portugal, como no passado, sabe dizer “sim” quando se impõe fazer pontes entre
os povos. De Lisboa o correspondente da Rádio Vaticano Domingos Pinto