2007-12-10 18:21:52

BISPOS TRAÇAM AO SANTO PADRE UM PERFIL DA IGREJA JAPONESA


Cidade do Vaticano, 10 dez (RV) - Esta manhã, Bento XVI recebeu em audiência, um primeiro grupo de bispos japoneses, em visita "ad Limina Apostolorum".

Os prelados japoneses delinearam para o Santo Padre, um perfil _ rico de luzes e sombras _ da Igreja Católica em seu país: do ótimo funcionamento dos institutos de formação à carência de novas vocações.

Uma Igreja pequena _ meio milhão de católicos, em mais de 125 milhões de habitantes _ mas muito respeitada, e de antigas raízes missionárias, fundada no século XVI, por São Francisco Xavier.

Entre os bispos recebidos esta manhã, destacamos Dom Joseph Atsumi Misue e Dom Joseph Mitsuaki Takami, respectivamente, bispo de Hiroshima e arcebispo de Nagasaki. Essas duas cidades-símbolo do holocausto nuclear têm problemas comuns com outras metrópoles do País do Sol Levante: a dificuldade da comunidade eclesiástica de penetrar no tecido social do país.

Parte do Japão foi evangelizada por São Francisco Xavier. Ele desembarcou em 1549, aos 43 anos, na ilha de Kyushu. O futuro santo, que morreu apenas três anos depois, começou a pregar o Evangelho, com o apoio das autoridades e da população. A semente do Cristianismo foi plantada, mas foi o sangue dos mártires a transformá-la na planta pequena, mas sólida, que é hoje. Em 1597, 26 japoneses batizados foram assassinados em Nagasaki. A partir de então, professar a fé em Cristo começou a significar colocar a vida em risco.

Apesar do clima de diálogo instaurado após a II Guerra Mundial, uma das dificuldades do Evangelho continua sendo _ hoje como ontem _ a percepção comum dos japoneses, de que o Cristianismo é uma "religião estrangeira". De fato, aos 500 mil batizados locais somam-se um número igual de estrangeiros; e são estes a registrar um aumento sempre maior. O bispo de Takamatsu, Dom Francis Xavier Osamu Mizobe, explica...

"A religião cristã vem de fora, da Europa... A Igreja tentou se adaptar ao contexto e à cultura locais, mas ainda não conseguiu afirmar o Evangelho em terra japonesa. A cultura japonesa se baseia no Budismo, no Confucionismo e no Xintoísmo. É uma cultura pluralista, pluri-religiosa e panteísta, e os japoneses tomam certa distância do monoteísmo. A cultura japonesa _ oriental _ aprecia muito a harmonia e a paz. Os japoneses vêem no Cristianismo e no monoteísmo um aspecto exclusivista muito forte."

Segundo o último relatório estatístico da Conferência Episcopal Japonesa, relativo a 2006, foram realizados mais de sete mil Batismos, entre adultos e crianças. Nesse mesmo ano, outros 5.400 catecúmenos adultos estavam caminhando para o Batismo, sem contar os 1.550 bispos e sacerdotes, 138 seminaristas e seis mil religiosas, que completam o quadro hierárquico na Igreja nipônica.

Nesse cenário, que papel os leigos e as estruturas eclesiais desempenham? Dom Osamu Mizobe responde que "os leigos são importantes, porque nos primórdios do Cristianismo, eles formavam a Igreja e os sacerdotes eram muito poucos. Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja japonesa começou a dar espaço à formação dos leigos. Ainda há muito a fazer. O número dos católicos é exíguo: são menos de 0,3% da população, mas apesar disso, a influência do Catolicismo e do Cristianismo é muito forte, por causa das escolas católicas, missionárias e protestantes. Hoje, a Igreja japonesa está focalizando sua atenção nos problemas da justiça, da paz e em questões sociais. Vamos falar com o papa que queremos divulgar a Doutrina Social da Igreja na sociedade japonesa. No ano que vem, teremos a beatificação dos mártires japoneses, com a qual homenagearemos o passado da Igreja japonesa, e da qual esperamos uma mensagem para a sociedade de hoje, aonde trabalhamos e vivemos". (CM/AF)







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