Além da ajuda material, a Santa Sé pede apoio moral, espiritual e psicológico para
as vitimas de catástrofes naturais
(8/12/2007) As vítimas dos desastres naturais precisam de algo mais que ajuda material;
precisam de apoio moral, espiritual e psicológico, disse o observador permanente da
Santa Sé junto da ONU e instituições especializadas em Genebra, o Arcebispo Silvano
Tomasi. discursando na 30ª Conferência Internacional da Cruz Vermelha e da Meia-Lua
Vermelha, com o lema «Juntos pela Humanidade», que decorreu de 26 a 30 de Novembro,
em Genebra. Entre as preocupações actuais, a Conferência Internacional da Cruz
Vermelha e da Meia-Lua Vermelha pôs sobre a mesa dd debate quatro desafios: pandemias,
migração internacional, violência urbana e degradação ambiental. «A Missão da
Santa Sé reconhece nestes desafios uma lembrança de que a convivência entre comunidades
sociais e políticas e a construção de uma ordem mundial pacífica, só são possíveis
na base do valor fundamental da dignidade de cada pessoa humana», disse o observador
da Santa Sé. «As quatro áreas que reclamam a nossa atenção imediata– acrescentou
– têm sérias consequências humanitárias para a sociedade contemporânea, assim como
para as gerações futuras. A vontade de trabalhar juntos em encontrar soluções adequadas
para todos não pode ser ignorada, já que delas depende a sobrevivência material e
ética da humanidade.» O arcebispo Tomasi acrescentou: «É também vital convencer-se
de que a solução dos complexos problemas e emergências inerentes ao conjunto da humanidade
não são só de natureza técnica e não podem reduzir-se à mera assistência». «As
vítimas tanto directas como indirectas, – acrescentou – precisam de atenção e cuidado
especial. De facto, são mais vulneráveis os que mais sofrem pelos desastres naturais,
conflitos e violência, pelas consequências do subdesenvolvimento, da pobreza e das
pandemias.» «Estas pessoas, as suas famílias e comunidades, têm direitos e precisamos
de fazer algo a este respeito – sublinhou o prelado. Também precisam da nossa
proximidade humana,do nosso apoio psicológico, moral e espiritual, não como piedade
condescendente , mas como expressão de nossa solidariedade. Somos uma só família humana.» «É
preciso dar a ajuda como auto-ajuda – acrescentou –, para que a população local possa
reforçar a sua própria capacidade, e deste modo ser capaz de exercer a sua liberdade
e responsabilidade.» «As diferentes religiões, juntamente com outras instituições,
podem e devem desempenhar um papel positivo – explicou o arcebispo Tomasi. A Santa
Sé promoveu iniciativas de diálogo inter-religioso, que considera como um componente
fundamental na construção da paz e na realização do bem comum.» Recordou que, como
se pediu em 2003, a Igreja «organizou um encontro inter-religioso de estudiosos para
promover a defesa da dignidade humana e o respeito das leis humanitárias em caso de
conflito armado. E está a pensar em iniciativas ulteriores com entidades não-estatais,
para promover os fundamentos éticos da lei humanitária e a defesa da dignidade humana,
também em caso de conflito armado». «O enfoque exemplar da Cruz Vermelha e da
Meia-Lua Vermelha – concluiu o arcebispo Tomasi– reside na habilidade para abater
barreiras e construir pontes entre as partes em conflito, conscientes da comum humanidade
que exige que caminhemos juntos rumo ao futuro.»