DOM TOMASI NA ONU: "É PRECISO ENFRENTAR O PROBLEMA DA IMIGRAÇÃO DE MANEIRA NOVA"
Genebra, 07 dez (RV) - Concluiu-se no final de novembro, a 94° sessão do Conselho
da Organização Internacional das Migrações (OMI), realizado em Genebra, Suíça. A Santa
Sé foi representada pelo observador permanente junto às agências das Nações Unidas
nessa cidade, Dom Silvano Tomasi.
Em seu pronunciamento, Dom Tomasi pediu
uma forma mais completa e colaborativa, para abordar o tema das migrações, diante
de estimativas que falam de 200 milhões de pessoas que vivem e trabalham fora de seus
países de origem. Essa nova forma de enfrentar a questão _ afirmou _ deve envolver
Estados, instituições governamentais, sociedade civil, comunidades de fé e organizações
não-governamentais, como também representantes de associações dos migrantes.
No
discurso, divulgado nesta quinta-feira, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Dom Tomasi
evidencia as duas dimensões "não adequadamente enfrentadas" acerca das migrações:
o aumento das vítimas desse fenômeno e a prioridade da pessoa sobre a economia.
Segundo
Dom Tomasi, "todo o sistema de proteção e dos direitos humanos está relegado a um
papel secundário, quando deveria estar a serviço da dignidade da pessoa humana". São
necessárias novas e criativas formas de proteção, prevenção e assistência humanitária"
_ afirmou o arcebispo.
Dom Tomasi pediu que fossem levados em consideração
aspectos como a decisão de emigrar, de quantos imigrantes admitir, das modalidades
de sua participação na vida da sociedade que os acolhe, do papel do migrante nos processos
econômicos e do direito à proteção.
O representante vaticano afirmou, todavia,
que "a tendência política se mostra claramente inclinada a responder aos pedidos da
opinião pública _ ditados pela emoção _ em favor do controle e da integração". Em
longo prazo, "uma justa e eficaz solução pode vir somente de uma política que envolva
todos os partidos" _ sublinhou.
A Santa Sé pede, portanto, que sejam ratificados
e implementados os instrumentos já existentes, sobre os direitos humanos. Nesse âmbito
_ concluiu Dom Tomasi _ "a instrução desempenha um papel primordial: os migrantes,
conscientes de seus próprios direitos, estarão mais tranqüilos em oferecer seus serviços
e talentos à comunidade que os recebe; bem informados estarão mais livres para construir
um futuro comum". (BF/AF)