"Spe Salvi" ajuda a renovar as mentalidades, salienta o secretário e porta-voz da
Conferência Episcopal Portuguesa
(30/11/2007) A ideia central da Encíclica «Spe Salvi» (Salvos na Esperança) divulgada
hoje (30 de Novembro) é o conceito de Esperança que “é desenvolvida de modo bíblico
e filosófico” – disse à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, secretário da Conferência
Episcopal Portuguesa. Na primeira parte da encíclica, Bento XVI busca os fundamentos
para uma consideração de uma “esperança cristã muito ligada à fé”. Neste mundo
onde se sente “uma certa crise e definhamento”, Bento XVI “vai buscar a “raiz dessa
falta de esperança” – afirmou o secretário da CEP. Depois de analisar este percurso
até à crise, o Papa apela a uma proposta cristã que tem “uma base bíblica”. Especialmente
Paulina porque é “S. Paulo que aborda mais o tema da esperança”. E acrescenta: “S.
Paulo é o teólogo que reflecte mais o tema da esperança”. A encíclica «Spe Salvi»
também aborda o tema da vida eterna. “Uma temática difícil que tem sido colocada de
lado pela Pastoral da Igreja” – sublinha D. Carlos Azevedo. A questão do purgatório
também “é enfrenta de modo novo” e existe uma renovação no modo de entender “o Juízo
Final, o Paraíso”. Este deve ser entendido numa perspectiva “comunitária e não individualista”.
O texto obriga a rever “algumas ideias feitas que são próprias de um paganismo” que
ainda resta na mente das pessoas. Ao falar da oração e o que significa orar por
aqueles que já partiram, Bento XVI apela a uma “revisão das motivações”. Uma Teologia
da Religiosidade Popular. Quando faz referência à oferta dos sacrifícios, Bento XVI
inclui esta questão na Esperança. “Damos sentido a essas pequenas contrariedades da
vida e incluímo-las no nosso próprio projecto de vida” – esclarece o secretário da
CEP. A encíclica «Spe Salvi» indica-nos que “devemos evitar o sofrimento mas o
sofrimento inevitável devemos acolhê-lo”. A espiritualidade dolorista que existe nalguns
sectores da Igreja “pode ser ultrapassada com este estímulo teológico de Bento XVI”.
Depois de analisar a «Spe Salvi», D. Carlos Azevedo realça que o documento exige
– mais do que os dois documentos anteriores – “uma tradução (parti-la aos pedacinhos
e esmiuçá-la) porque são temas que não podem ser tratados superficialmente”. E avança:
“estes temas tinham que questionar algumas correntes filosóficas”. Os princípios de
Marx e Bacon “são questionados” mas “ainda estão presentes nas mentalidades das pessoas”.
A “mudança de mentalidade” que o Papa pediu aos bispos na última visita «Ad Limina»
também “passa por aqui”. “Esta encíclica ajuda a renovar a mentalidade” – frisou o
secretário da CEP. E finaliza: “A esperança tem de ser cristã e não mundana”. (
em Ecclesia )