DESAFIOS DA IGREJA NA CORÉIA DO SUL: INICIADA VISITA 'AD LIMINA' DOS BISPOS DO PAÍS
ASIÁTICO
Cidade do Vaticano, 27 (RV) - Os bispos da Coréia do Sul estão iniciando a
sua visita 'ad Limina Apostolorum'. Nos próximos dias serão recebidos pelo papa. Trata-se
de um encontro esperado com expectativa para afrontar os importantes desafios apresentados
à Igreja católica no país asiático.
Submetida no passado à soberania japonesa,
ocupada em 1945 pela Rússia e no sul pelos EUA, separada em dois Estados em 1948,
a península coreana passou por um sangrento conflito deflagrado em 1950, que contrapôs
o eixo Moscou-Pequim à coalizão conduzida pelos EUA, sob mandato da ONU.
Hoje,
a Coréia se encontra no caminho de uma procurada e complexa pacificação. No dia 4
de outubro passado, em Pyongyang, no segundo encontro intercoreano, foi assinada uma
histórica Declaração para o desenvolvimento das relações, a paz e a prosperidade entre
as duas Coréias, que no papel ainda se encontram em guerra, após o armistício assinado
em 1953.
O acordo, porém, não afrontou o tema dos direitos humanos e da liberdade
religiosa, comentou o bispo auxiliar de Seul, Dom Lucas Kim Un-hoe, presidente da
Comissão dos prelados para a reconciliação do povo coreano, e foram muito brandos
os compromissos assumidos para a desnuclearização da Coréia do Norte e a reunificação
das famílias.
É ampla a presença de católicos _ 5 milhões _ neste país asiático,
concentrados todos na Coréia do Sul, que hoje é a quarta nação na Ásia por número
de cristãos, após as Filipinas, Índia e Vietnã. A Igreja católica sul-coreana detém
o primado no mundo inteiro no que diz respeito ao número de conversões adultas, mais
de 100 mil por ano, embora nos últimos anos em pequena diminuição, bem como as vocações
e a prática religiosa.
Os bispos sul-coreanos se dizem preocupados com esses
aspectos pastorais, diante do crescente secularismo favorecido por modelos e estilos
de vida ocidentais, difundidos pela globalização e pela mídia, que estão permeando
também a sociedade coreana, onde se expandem também novos movimentos espirituais e
pseudo-religiosos.
Entre os campos nos quais a Igreja se encontra na linha
de frente destacam-se: a luta contra o aborto, a pena de morte, a clonagem de embriões
humanos, contra projetos danosos ao ambiente, contra as guerras e a corrida armamentista.
Desde
sempre comprometida com a plena reconciliação nacional, a Igreja coreana sofre a total
ausência de sacerdotes residentes na Coréia do Norte, onde inclusive foi fundada a
Igreja de Pyongyang, e onde jamais faltou a assistência material e espiritual dos
co-irmãos da Coréia do Sul. (RL)