PAPA ENTREGA ANEL AOS NOVOS CARDEAIS, RECOMENDANDO QUE SE EMPENHEM PELA PAZ E PELA
UNIDADE
Cidade do Vaticano, 25 nov (RV) - Os cardeais devem se empenhar em favor da
paz e da unidade: esse foi o mandato prioritário de Bento XVI aos novos cardeais,
na celebração eucarística durante a qual lhes entregou o anel cardinalício.
Entre
os 23 novos cardeais, está o cardeal-arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer.
Na
solenidade de Cristo Rei, a homilia do Santo Padre teve como eixo central Jesus crucificado:
"Em Jesus crucificado _ disse Bento XVI _ se mostra a máxima revelação possível no
mundo, já que Deus é amor, e a morte de Jesus na cruz é o maior ato de amor de toda
a história. O anel cardinalício representa a crucificação e os convida a lembrar de
qual rei os senhores são servidores. Com este anel, vocês estão convocados a dar a
vida pela Igreja" _ disse o pontífice aos novos cardeais.
O pontífice disse
ainda, que a Igreja é depositária do mistério de Cristo "com toda humildade e sem
sombra de orgulho ou arrogância, já que se trata do máximo dom que recebeu, sem mérito
algum, e é convocada a oferecê-lo gratuitamente à humanidade de cada época, como horizonte
de significado e salvação".
O papa ressaltou a necessidade de os cardeais
se empenharem pela paz e pela unidade: "A oração pela paz e unidade deve constituir
sua primeira e principal missão, para que a Igreja seja sinal de unidade para toda
a humanidade" _ sublinhou.
Na presença de diplomatas, delegações dos países
de proveniência dos novos cardeais, parentes e fiéis, o papa Ratzinger citou seus
predecessores _ Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II _ definindo-os "autênticos
arautos da realeza de Cristo no mundo contemporâneo".
"Para mim _ disse Bento
XVI _ é motivo de consolação poder contar sempre com vocês, seja colegial seja individualmente,
para levar até o fim este dever fundamental do ministério petrino."
O primeiro
a receber o anel cardinalício foi o patriarca de Bagdá, Emmanuel III Delly, líder
dos católicos iraquianos, sob uma calorosa salva de palmas.
Sublinahdno que
o anel é "um sinal nupcial, expressão de fidelidade e compromisso em custodiar a Igreja,
esposa de Cristo", o Santo Padre entregou os anéis a cada um dos novos cardeais que,
por sua vez, beijaram o anel do papa.
Em latim, o papa dizia, na entrega:
"Recebe o anel das mãos de Pedro, e saiba que com o amor do Príncipe dos Apóstolos,
teu amor à Igreja se reforça."
Na próximas semanas, os novos cardeais tomarão
posse das igrejas de Roma que lhes foram atribuídas pelo papa: um símbolo da participação
desses sacerdotes em zelar pela Cidade Eterna, diocese da qual é bispo Bento XVI.
Além
do cardeal-arcebispo de São Paulo, Odilo Pedro Scherer, os novos cardeais são: os
arcebispos espanhóis Agustín García-Gasco Vicente (Valença), Lluis Martínez Sistach
(Barcelona) e o jesuíta Pe. Urbano Navarrete.
Os latino-americanos são os argentinos
Leonardo Sandri (prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais) e Estanislao Estéban
Karlic (arcebispo emérito de Paraná), e o mexicano Francisco Robles Ortega (arcebispo
de Monterrey).
Também foram criados cardeais, os norte-americanos John Patrick
Foley e Daniel DiNardo, pro-grão-mestre da Ordem Eqüestre do Santo Sepulcro de Jerusalém
e arcebispo de Galveston-Houston, respectivamente.
Os italianos são: Dom Giovanni
Lajolo, presidente da Pontifícia Comissão e do Governatorato do Estado da Cidade do
Vaticano; Angelo Comastri, arcipreste da Basílica Vaticana, e Raffaele Farina, arquivista
e bibliotecário da Santa Romana Igreja. Angelo Bagnasco, arcebispo de Gênova e presidente
da Conferência Episcopal Italiana, o núncio apostólico Giovanni Coppa e o ex-reitor
da Pontifícia Universidade Lateranense, Pe. Umberto Betti.
Além disso, temos
ainda o alemão Dom Paul Joseph Cordes, presidente do Pontifício Conselho "Cor Unum",
e o polonês Dom Stanislaw Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos.
Entre
os novos cardeais, estão também os arcebispos Seán Baptist Brady, de Armagh (Irlanda);
André Vingt-Trois, de Paris; Théodore-Adrien Sarr, de Dacar; Oswald Gracias, de Mumbay
(ex-Bombaim, Índia) e John Njue, de Nairóbi.
E para concluir, Sua Beatitude
Emmanuel III Delly, patriarca de Babilônia dos Caldeus.
Após o consistório
de ontem _ o segundo do pontificado de Bento XVI _ o Sacro Colégio Cardinalício fica
formado por 201 cardeais, 120 dos quais eleitores, num eventual conclave.
Terminada
a missa, o papa deixou a Basílica de São Pedro e foi ao patamar, para rezar com os
fiéis presentes, a oração mariana do Angelus. Antes, como o faz habitualmente, dirigiu
algumas palavras e saudações aos grupos de peregrinos, em várias línguas.
Em
italiano, Bento XVI pediu novamente, uma paz justa e definitiva para a Terra Santa:
"Na próxima terça-feira, em Annapolis, nos EUA, israelenses e palestinos, com a ajuda
da comunidade internacional, tentarão dar um novo impulso ao processo de negociações,
para chegar a uma solução justa e definitiva para o conflito que há 60 anos ensangüenta
a Terra Santa e causou tantas lágrimas e sofrimentos aos dois povos. Peço que se unam
à jornada de orações convocada hoje, pela Conferência dos Bispos Católicos dos EUA,
para implorar ao espírito de Deus, paz para esta região que nos é tão querida, e que
conceda sabedoria e coragem a todos os participantes deste importante encontro."
O
papa falou ainda em inglês, francês, alemão, espanhol, polonês, e português, dirigindo
uma saudação particular ao nosso novo Cardeal Odilo Pedro Scherer
Após a cerimônia,
os 23 novos cardeais, juntamente com todos os demais membros do Sacro Colégio Ccardinalício,
foram convidados para almoçar com o pontífice, na Sala Paulo VI.
No ínterim,
conversamos com o ex-secretário do Pontifício Conselho para a Família, Dom Karl Romer,
que nos falou sobre a cerimônia(CM)