O quadro problemático e dramático e também as oportunidades para o desenvolvimento
integral e solidário da humanidade, no congresso mundial das organizações eclesiais
para a justiça e a paz, a 40 anos da Populorum Progressio
(24/11/2007) A carga indizível de sofrimentos das novas guerras fratricidas, a irrupção
sangrenta do terrorismo na cena mundial, o aumento persistente das desigualdades escandalosas
entre países ricos e pobres não devem levar a uma sensação de desesperada e paralisante
impotência dado que o nosso tempo oferece também oportunidades únicas e muito prometedoras
para o desenvolvimento integral e solidário da humanidade. Afirmou o Presidente
do Conselho Pontifício da Justiça e da Paz, cardeal Renato Martino, apresentando as
conclusões do II congresso mundial dos agentes eclesiais do sector, efectuado nos
dias passados em Roma por ocasião do 40ª aniversario da Populorum Progressio.
Segundo o prelado a globalização pode representar uma grande oportunidade, com a condição
que se saiba finalizá-la verdadeiramente para a solidariedade global e a justiça social
na perspectiva do bem comum universal da única família dos povos. Também o desenvolvimento
da ciência e da técnica podem ajudar muito, enquanto que as novas descobertas da medicina
são capazes de enfrentar com sucesso o problemas das doenças endémicas e das pandemias.
Além disso hoje há uma consciência cada vez maior de que o desenvolvimento é antes
de mais um problema moral. Recordando a grande lição do seu predecessor á frente
do Conselho pontifício Justiça e Paz, o cardeal vietnamita Van Thuan, o actual Presidente
deste Dicastério - referindo-se á próxima encíclica de Bento XVI que será publicada
dia 30 de Novembro - sublinhou que a esperança cristã é a força que Deus nos dá para
realizar o projecto de amor de Deus sobre o homem e sobre a história, do qual o desenvolvimento
integral e solidário da humanidade faz intimamente parte. Segundo o economista
congolês Mati Mulumba, progressos tangíveis na via da solidariedade nestes 40 anos
da Populorum Progressio até hoje foram realizados através da cooperação multilateral
nos campos da saúde, da agricultura, da instrução e do desenvolvimento económico,
mas fica ainda um objectivo por atingir: a construção de um autentico desenvolvimento
solidário com redução da pobreza e dos desequilíbrios escandalosos entre indivíduos
e povos, como foi pedido pela Encíclica de Paulo VI. Citou a este propósito a situação
do continente africano, teatro trágico de conflitos internacionais, onde a miséria
e a luta pelos recursos aumentam a insegurança e os recontros. Só a guerra civil
na Republica Popular do Congo já causou 5 milhões de mortos, 13 milhões de desalojados,
3,5 milhões de refugiados. Na África subsahariana 40 milhões de crianças não vão
á escola, 250 milhões de mulheres morrem todos os anos devido a complicações ligadas
á gravidez, um milhão de pessoas no continente são mortas por causa da malária e mais
de dois milhões são anualmente as vitimas da SIDA.