2007-11-24 20:34:02

GRANDEZA DO CRISTÃO ESTÁ NO SERVIR, NÃO NO DOMINAR: ENFATIZA BENTO XVI AO CRIAR 23 NOVOS CARDEAIS


Cidade do Vaticano, 24 nov (RV) - Todo verdadeiro discípulo de Jesus partilhe a Sua paixão, sem reivindicar nenhuma recompensa: foi a exortação dirigida por Bento XVI aos 23 novos cardeais, 18 dos quais eleitores, criados pelo papa no Consistório celebrado esta manhã na Basílica vaticana. Ressaltamos que entre eles encontrava-se o Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer.

Uma cerimônia emocionante, como o disse o próprio Santo Padre, porque expressa de modo eloqüente a unidade dos cardeais em torno do Sucessor de Pedro. O discurso do Santo Padre precedeu o momento solene da entrega do chapéu cardinalício aos 23 purpurados.

Uma "ocasião providencial" para oferecer "à cidade de Roma e ao mundo inteiro, o testemunho daquela unidade singular que une os cardeais em torno do papa": assim, Bento XVI sintetizou o valor extraordinário do Consistório de hoje para a criação de 23 novos cardeais. Um "eloqüente sinal de unidade católica" _ disse _ que suscita "toda vez uma emoção especial".

Em seguida, o pontífice comentou a passagem do Evangelho de Lucas na qual os discípulos manifestam uma ambição carreirista ao reivindicar para si mesmos os melhores lugares no reino messiânico.

Jesus _ advertiu Bento XVI _ corrige a "concepção distorcida do mérito, por eles manifestada", segundo a qual "o homem pode adquirir direitos diante de Deus". Uma advertência mais do que nunca atual:

"O evangelista Marcos nos recorda, caros e venerados Irmãos, que todo verdadeiro discípulo de Cristo pode aspirar a uma só coisa _ frisou o papa: a partilhar a Sua paixão, sem reivindicar nenhuma recompensa. O cristão é chamado a assumir a condição de 'servo' seguindo as pegadas de Jesus, isto é, vivendo a sua vida pelos outros de modo gratuito e desinteressado. Aquilo que deve caracterizar todo nosso gesto e toda nossa palavra não é a busca do poder e do sucesso, mas a humilde doação de si para o bem da Igreja. De fato, a verdadeira grandeza cristã não consiste em dominar, mas no servir."

"Eis o ideal que deve orientar o nosso serviço", disse o pontífice, ressaltando que o Senhor pede e confia aos novos purpurados "o serviço do amor" até a efusão do sangue:

"Amor por Deus, amor pela Sua Igreja, amor pelos irmãos com uma dedicação máxima e incondicionada, usque ad sanguinis effusionem, como cita a fórmula para a imposição do chapéu cardinalício e como indica a cor púrpura das vestes que os senhores usam."

A cerimônia de hoje _ constatou _ ressalta a grande responsabilidade que pesa sobre os cardeais, chamados por Cristo a "confessar diante dos homens a Sua verdade, a abraçar e partilhar a Sua causa".

Um anúncio _ foi a sua exortação _ a ser feito "com doçura e respeito, com uma reta consciência", isto é, "com aquela humildade interior que é fruto da cooperação com a graça de Deus". É _ advertiu o papa _ uma responsabilidade acompanhada de risco, mas como recorda São Pedro, "é melhor padecer, se Deus assim o quiser, por fazer o bem do que por fazer o mal" (1 Pd 3, 17).

Bento XVI deteve-se sobre o papel do Sacro Colégio dos cardeais, no qual _ explicou _ revive o antigo presbyterium do Bispo de Roma, cujos componentes, "ao tempo em que desempenhavam funções pastorais e litúrgicas nas várias igrejas, não lhe deixavam faltar a sua preciosa colaboração" no cumprimento "das tarefas ligadas a seu ministério apostólico universal":

"Os tempos mudaram e a grande família dos discípulos de Cristo está hoje espalhada em todos os continentes até os extremos confins da terra, fala praticamente todas as línguas do mundo e a ela pertencem povos de todas as culturas. A diversidade dos membros do Colégio cardinalício, tanto por proveniência geográfica quanto cultural, ressalta esse crescimento providencial e evidencia, ao mesmo tempo, as novas exigências pastorais às quais o papa deve responder" _ frisou Bento XVI.

A universalidade, a catolicidade _ reiterou _ "se reflete, portanto, na composição do Colégio dos cardeais". Cada um dos senhores _ disse o pontífice _ representa uma "porção do articulado Corpo místico de Cristo que é a Igreja espalhada em todos os lugares". Em seguida, o Santo Padre dirigiu um pensamento especial às comunidades cristãs "mais provadas pelo sofrimento, pelos desafios e dificuldades de diversos tipos".

"Entre essas, como não voltar o olhar com apreensão e afeto, neste momento de alegria, para as caras comunidades cristãs que se encontram no Iraque? Esses nossos irmãos e irmãs na fé experimentam na própria carne as conseqüências dramáticas de um perdurante conflito, e vivem no presente numa mais do que nunca frágil e delicada situação política. Chamando a entrar no Colégio cardinalício o patriarca da Igreja caldéia, quis expressar de modo concreto _ ressaltou o Santo Padre _ a minha proximidade espiritual e o meu afeto por aquelas populações."

Assim, o papa reafirmou "a solidariedade de toda a Igreja para com os cristãos" da "amada terra" iraquiana, invocando de Deus misericordioso, "para todos os povos envolvidos, o advento da desejada reconciliação e da paz". Uma proximidade à Igreja iraquiana expressa com veemência também pelo prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, o novo Cardeal Leonardo Sandri, que dirigiu uma saudação ao papa em nome dos novos purpurados. Uma saudação na qual o Cardeal Sandri ressaltou a fidelidade ao Sucessor de Pedro:

"Desejamos permanecer com o papa tanto quando se faz servidor da verdade e proclama o primado de Deus, como quando conduz a Igreja na renovação que nasce da fidelidade à tradição; como quando invoca a paz, indicando a grande força da oração e do diálogo; como quando promove a unidade dos cristãos e o respeito a todas as religiões e as culturas na recíproca exclusão de todo tipo de violência."

Por fim, Bento XVI recordou que amanhã, sempre na Basílica vaticana, celebrará a Missa com os novos purpurados, aos quais entregará o anel cardinalício. "Uma ocasião mais do que nunca oportuna _ foi seu auspício _ para reafirmar a nossa unidade em Cristo e para renovar a vontade comum de servi-Lo com toda generosidade."

Esta tarde, das 16h30 às 18h30 locais, realizaram-se, no Vaticano, as tradicionais visitas de cortesia aos novos cardeais. (RL)

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