Os explorados de Moçambique, numa denúncia do Bispo de Xai-Xai
(23/11/2007) Em Moçambique, anualmente, milhares de homens emigram no verão para
trabalharem nas grandes plantações na Africa do Sul, mas regressam a casa, após seis
ou sete meses de trabalho irregular duro, sem ordenado pago e sem documentos. É a
nova forma de escravidão denunciada por D. Lúcio Andrice Bispo de Xai-Xai em Moçambique. Depois
de terem trabalhado durante meses sem contracto, nas fazendas que vendem os produtos
agrícolas ás multinacionais, estes homens são levados até á fronteira, viajando de
comboio em condições desumanas, sem dinheiro e sem documentos. A gente fala-me deste
problema – diz este bispo moçambicano – e alguns departamentos no interior da Igreja,
seguem o fenómeno com atenção. Queremos ser a voz dos nossos compatriotas, porém até
agora não encontrámos muita sensibilidade nem da parte do governo, nem dos media,
nem dos bispos da Africa do Sul, aos quais assinalámos o problema. Outro fenómeno
assinalado pelo Bispo moçambicano de Xai-Xai é o vaguear de cidade para cidade, no
interior de Moçambique, dos chefes de família, homens que nos períodos de seca vão
á procura de trabalho. Mas a maior parte das vezes voltam para casa sem nada, e exigem
das mulheres aquilo que com fadiga puderam produzir, não obstante tenham ficado sozinhas
com o trabalho por fazer e a cuidar de cinco ou seis filhos. Na sua opinião, para
todos estes problemas, ligados ás migrações, a Igreja deve trabalhar sobre a consciência
das pessoas, para que não seja aceite a nova escravidão do trabalho sem ordenado.