Assembleia Plenária do Conselho Pontifício da Justiça e da Paz: necessidade a nível
mundial, de uma consciência do dever da solidariedade, da justiça social e da caridade
universal.
22/11/2007) Concluiu-se nesta quarta feira a assembleia plenaria do Conselho Pontifico
da Justiça e da Paz Segundo cardeal hondurenho Óscar Rodriguez Maradiaga, que
interveio no ultimo dia de trabalho, nos 40 anos da Populorum Progressio até hoje,
a Doutrina Social da Igreja elaborou uma concepção do desenvolvimento, em cuja base
está a visão da pessoa humana numa perspectiva social e solidária. Ela realiza-se
através do trabalho, exercendo a criatividade segundo a sua vocação á imagem e semelhança
de Deus. Em contraste com tal visão está a pobreza de indivíduos e povos, não se
respeitando o destino universal dos bens da terra. Daqui a urgência para a Igreja
de uma evangelização entendida como acção de libertação integral e de promoção do
ser humano que inclui o progresso material sem se confundir com o advento final do
Reino de Deus. Evidenciando a actualidade da Encíclica de Paulo VI, o Professor
Henrique Colom da Universidade pontifícia da Santa Cruz, em Roma, sublinhou a imprescindível
dimensão moral do desenvolvimento, que implica a necessidade de elaborar modelos
baseados na verdade integral do homem, respeitosos da dignidade da pessoa, da criatividade
humana e da pertença de cada homem a uma cultura própria. Por conseguinte, a cooperação
internacional, indispensável para o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens,
exige que, acima da estreita lógica do mercado, haja consciência do dever da solidariedade,
da justiça social e da caridade universal. Para o Professor Estêvão Zamagni, da
Universidade de Bolonha, não é aceitável a ideia de que não existem alternativas
ao subdesenvolvimento, porque a fome e a pobreza podem ser vencidas. Elas existiram
sempre mas hoje resultam escandalosas, porque não são necessárias e constituem a falência,
não da produção mas das instituições económico-sociais que não funcionam como deveriam. Do
Arcebispo congolês de Kisangani, D. Laurent Monsengwo Pasinya chegou á Assembleia
Plenária de Justiça e Paz o grito da África ensanguentada por conflitos dilacerantes
e desejosa de paz, um continente que não produz armas e é invadido pelo tráfico incontrolado
de toda a espécie de armamentos, que assiste impotente ao drama das crianças – soldado
e aspira ardentemente á realização do profético ”forjar as espadas em arados e as
lanças em foices”. Por sua vez, o Professor Sílvio Marcus-Helmons, emérito da Universidade
Católica de Lovaina, reafirmando que não pode haver procura autentica da justiça
nem estável salvaguarda da paz sem um respeito rigoroso dos direitos humanos, formulou
votos no sentido de que o Conselho Pontifício seja promotor de um trabalho aprofundado
de sensibilização acerca dos direitos humanos através do ensino, que deveria ser realizado
antes de mais nas escolas católicas já ao nível da escola primária, e depois amplamente
nos níveis superiores do ensino. Nesta quinta feira á tarde num Hotel de Roma inicia
o II congresso mundial das organizações eclesiais que trabalham no campo da justiça
e da paz, sobre o tema 40º aniversario da PopulorumProgressio: o desenvolvimento
do homem todo e de todos os homens” no qual vão participar mais de 300 delegados
de mais de 80 países dos cinco continentes.