Reflectir sobre a missão da Universidade Católica no mundo: conferência internacional
em Lisboa
(15/11/2007) Teve inicio esta quinta feira em Lisboa a Conferência Internacional
da Federação Internacional das Universidades Católicas sobre “A Universidade Católica:
desafios de ontem e de hoje. Construir o futuro”. Um encontro que se vai estender
até ao próximo Sábado, dia 17, e ocorre no contexto celebrativo dos 40 anos da UCP
em Portugal Braga da Cruz reconhece ser este um encontro de reflexão onde se pretende
olhar para a missão futura da universidade, enfrentando os desafios que se traduzem
na redefinição da identidade no contexto cultural actual. Na sessão de abertura,
Braga de Cruz, reitor da UCP, salientou perspectivas emergentes no mundo universitário,
nomeadamente a globalização que levou à internacionalização, onde a “mobilidade é
a palavra chave”. O facto de haver uma Federação Internacional, coloca a UCP como
maior rede inter universitária de todo o mundo, com uma característica particular,
“uma cultura institucional”, salienta Braga da Cruz, que indica ser vantajosa, sendo
a maior delas “a liberdade de ensino”. A fé e a identidade católica são a diferença
“que temos de saber traduzir em vantagem”, indicou. A actuação da UCP não se restringe
ao plano nacional, mas encontra desafios internacionais. Braga da Cruz defendeu que
as Universidades Católicas só poderão responder aos desafios futuros se tiverem condições
de “competição real e paritária” com as outras universidades, sabendo que em muitos
países do mundo, esta situação não acontece. “Os nosso estudantes são discriminados
por nos preferirem”, indica e são “penalizados por serem obrigados a pagar os estudos
duplamente”. O Reitor da UCP frisou que a opção deve ser “livre e equitativa”, independentemente
das origens sociais. Anthony Cernera, Presidente da FIUC, sublinhou as altas expectativas
que põe neste encontro, porque indica “a vitalidade das nossas universidades é notável”.
A visão, a missão e os valores são terreno comum entre as universidades. Uma realidade
que confere à a capacidade para ser um instrumento da Igreja “privilegiado para intervir
e estar presente no processo no diálogo inter cultural”, apontou D. José Policarpo.
A Universidade Católica tem-se afirmado como um “lugar de encontro e de diálogo
do saber e entre pessoas de diferentes horizontes. O diálogo intercultural é um dos
aspectos de maior importância no mundo contemporâneo, marcado por uma aceleração da
mutação cultural”, indicou, estando a missão da universidade em “contínua análise”.
As funções da UCP estendem-se ao mundo, ajudando a criar delegações em Angola
e Moçambique, criou em Macau, na Republica Popular da China, um Instituto Inter universitário.
“Este instituto é hoje a jóia da coroa”, admitiu o Cardeal Patriarca de Lisboa. Foi
autorizada, pelo governo chinês do território, uma Escola de Ciências da Religião.
Esta escola poderá “atrair candidatos de toda a região para uma formação crista aprofundada,
para candidatos ao sacerdócio, mesmo vindos da Igreja Católica na China, quer lhe
chamem patriótica ou perseguida”, aponta D. José Policarpo. Para o Cardeal Zenon
Grocholewski, Prefeito da Congregação para a Educação Católica, presente no encontro,
a Universidade Católica encontra hoje, face à globalização, o papel fundamental de
defender certos valores e direitos. A globalização oferece a oportunidade para estudar
e possibilita troca de estudantes mas “cria também perigos, nomeadamente o colonialismo
científico de universidade que são muito ricas e que dominam universidade mais pobres”,
indicou o Cardeal polaco. A globalização comporta uma mentalidade particular sobre
os valores técnicos e sobre a riqueza, esquecendo valores fundamentais da convivência
humana que a Universidade Católica defende. Neste sentido, “a Universidade é um válido
interlocutor para que não haja no mundo apenas uma mentalidade dominante”, aponta
o Cardeal. A Congregação para a Educação Católica enaltece o papel das universidades.
O Cardeal Grocholewski indica que em Taiwan, onde os católicos são poucos - correspondem
a 1,3 % da população - existem três universidades católicas. “Só a de Taipei, nos
últimos anos, apresenta um aumento de mil estudantes por ano. O ministro da educação,
que não é cristão, assinalou a sua admiração pelos ideais ministrados na nossa instituição”.
O ano passado, a FIUC reuniu-se em Bangkok, na Tailândia, onde os católicos representam
0, 5 % da população. “Isto demonstra como o mundo deseja pensamento cristão e deve
ser esta a preocupação da Universidade Católica hoje”, finaliza o Prefeito da Congregação
para a Educação Católica. ( Em Ecclesia)