PUBLICADO DOCUMENTO CONJUNTO CATÓLICO-ORTODOXO PARA O DIÁLOGO
Cidade do Vaticano, 15 nov (RV) - Foipublicado pelo Vaticano oficialmente
esta manhã, o documento conjunto, elaborado pela Comissão Mista para o Diálogo Teológico
entre Católicos e Ortodoxos _ um "documento de trabalho", que não exige a adesão da
Igreja Católica nem da Ortodoxa.
No texto, as Igrejas Ortodoxas aceitam reconhecer
o papa como "Primeiro Patriarca", mas discordam de suas prerrogativas. As divergências
sobre os poderes do papa continuam sendo um obstáculo à unidade. Mas o fato de os
ortodoxos estarem de acordo em reconhecer Bento XVI como "Primeiro Patriarca" é mais
um passo no caminho ecumênico.
O documento está dividido em 46 pontos. A novidade,
segundo algumas fontes, é que pela primeira vez os ortodoxos aceitam discutir o Primado
de Pedro, principal obstáculo para a reunificação dos cristãos. O texto analisa também
o conceito de "sínodo" e "concílio", as principais vias da comunhão entre as Igrejas
locais.
O documento foi redigido por uma delegação da Igreja Católica liderada
pelo presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, cardeal Walter
Kasper, e outra das Igrejas ortodoxas, presidida pelo arcebispo metropolita Zizioulas,
do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Também participaram do encontro, em outubro,
em Ravena, na Itália, representantes das igrejas ortodoxas grega e cipriota.
O
documento não foi assinado pela Igreja Ortodoxa Russa, que abandonou a reunião de
Ravena em protesto contra a presença da Igreja Apostólica da Estônia, que o Patriarcado
de Moscou não reconhece. O texto foi publicado simultaneamente em Roma, Atenas, Chipre
e Istambul, sede do patriarcado ecumênico de Constantinopla.
As Igrejas do
Oriente e Ocidente se separaram no cisma de 1054, com as excomunhões do Papa Leão
IX e do patriarca Miguel Celurario. Desde então, passaram por quase mil anos de incompreensões
e receios.
Os ortodoxos rejeitam o primado da Igreja Católica Apostólica Romana
e infalibilidade do papa. Não reconhecem a validade dos sacramentos católicos, apesar
de a Igreja Católica admitir, desde o Concílio Vaticano II, os da Igreja ortodoxa.
Além das divergências teológicas, os ortodoxos acusam Roma de proselitismo e de tentar
se expandir por territórios que estão sob seu controle.
João Paulo II disse
em várias ocasiões que aceitaria que teólogos e especialistas discutissem o tema do
Primado de Roma para buscar uma solução aceita por todos. Já Bento XVI considera a
unidade dos cristãos um dos eixos de seu Pontificado e se declarou disposto a dar
passos efetivos nessa direção. (CM)