ANISTIA INTERNACIONAL PEDE PROVIDÊNCIAS PELA MORTE DE SEM-TERRA NA MULTINACIONAL "SYNGENTA"
Londres, 15 nov (RV) - A Anistia Internacional _ organização de defesa dos
direitos humanos _ lançou um apelo, pedindo providências dos órgãos competentes, pela
morte, no dia 22 de outubro passado, do dirigente do "Via Campesina" _ um movimento
internacional que organiza os camponeses e agricultores de todo o Planeta _ Valmir
Mota de Oliveira.
O trabalhador teria sido assassinado com dois tiros à queima-roupa,
no peito, por uma milícia armada, formada por seguranças contratados pela multinacional
suíça "Syngenta Seeds", instalada na região de Santa Tereza do Oeste, estado do Paraná.
No ataque, outros seis trabalhadores teriam ficado seriamente feridos.
A área
da "Syngenta" foi ocupada pela segunda vez, na semana passada, por cerca de 200 integrantes
da Via Campesina, que denunciavam a realização de experimentos com organismos geneticamente
modificados (OGM), além da multiplicação de sementes de milho transgênico, descumprindo
assim, leis federais e estaduais.
A área ocupada pela multinacional fica a
4 km do Parque Nacional de Iguaçu, criado em 1939 e reconhecido em 1986 pela UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como parte
do acervo do Patrimônio Natural da Humanidade. O parque está na região da tríplice
fronteira, entre Brasil, Argentina e Paraguai. A distância mínima legal que deveria
ser respeitada pela "Syngenta" é de 10 km.
Na nota divulgada, a Anistia expressa
preocupação pela segurança dos 200 agricultores sem-terra que continuam acampadas
na área, e pede que as autoridades investiguem o ataque. Além disso, exorta as autoridades
a tomarem providências para garantir a segurança e a incolumidade dos demais dirigentes
do MST e da Via Campesina, e investigarem as ameaças de mortes.
Segundos dados
da Comissão Pastoral da Terra, em 2006, o Paraná apresentou o maior número de conflitos
pela posse da terra no Brasil: um total de 76 conflitos. (CD/AF)