Bento XVI intuiu as ansiedades da Igreja Portuguesa
(12/11/2007) A Igreja Portuguesa pode, “com muita facilidade, cair no erro de encontrar
somente respostas de índole sociológica e não verdadeiramente cristãs” – disse à Agência
ECCLESIA o presidente da Conferência Episcopal Portugal (CEP), D. Jorge Ortiga, depois
do encontro dos bispos portugueses com Bento XVI. Para o arcebispo de Braga, o núcleo
central do discurso do Papa está na orientação “de redescobrirmos a centralidade com
Cristo”. E acrescenta: “A Igreja não se deve perder em muitas actividades e iniciativa
antes ter a certeza do encontro Cristo”. Perante a afirmação de Bento XVI - «É
preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade
dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II» -, o Presidente
da CEP afirma que “é fundamental requalificar o trabalho dos padres e dos leigos”.
“Estamos a procurar cumprir o II Concílio do Vaticano e temos consciência que ainda
não o realizámos” – acentua. Tanto o discurso do Papa aos bispos portugueses como
a prelecção de D. Jorge Ortiga a Bento XVI sublinhavam o «Ano Paulino» que se aproxima.
“O Evangelho é a Boa Nova para os tempos que passam” porque, “muitas vezes, as nossas
reflexões não são a verdadeira expressão do Evangelho” – disse o Arcebispo de Braga.
Com uma maioria católica, Portugal tem que “intensificar a vivência da fé” que, por
si mesma, é missionária. “Evangelizar cá dentro e partir para fora” é uma tarefa dos
cristãos portugueses. Ao fazer o balanço da visita «Ad Limina» que os bispos portugueses
estão a realizar (termina dia 12 de Novembro), o presidente da Conferência Episcopal
Portugal realça que “vimos com outro animo para trabalhar”. Este encontro é “um momento
de paragem para os bispos”. Depois do «trabalho de casa» - elaboração dos relatórios
– “tivemos oportunidade de reflectirmos” e trocar impressões com as diversas congregações
da Cúria Romana e também com Bento XVI. “O Papa intuiu as nossas carências, ansiedades
e insatisfações” – disse o arcebispo de Braga. A questão da Concordata entre Portugal
e a Santa Sé também foi objecto de diálogo com Bento XVI. “Não viemos fazer queixa
sobre este assunto”, mas assegurar “que estamos disponíveis para continuar a colocar
em prática o que está assinado no documento” – realçou o Presidente da CEP. A Igreja
Portuguesa espera “ansiosamente” pela regulamentação de alguns pontos da Concordata,
mas compreende que o “Governo esteja, actualmente, muito empenhado na Presidência
da União Europeia”. No discurso de Bento XVI aos bispos ressalta a importância
de «verificardes a eficácia dos percursos de iniciação actuais». Perante esta afirmação,
D. Jorge Ortiga sublinha que os bispos portugueses “já reflectiram sobre o assunto”
e “iremos continuar a abordá-lo”. “A catequese é dada num contexto difícil e os jovens
são confrontados permanentemente com outros apelos” – finalizou. ( Em Ecclesia)