Negar os direitos dos imigrantes contradiz os valores da Europa
(8/11/2007) Negar os direitos aos imigrantes é uma contradição flagrante dos valores
fundamentais enraizados na cultura europeia. As prerrogativas civis dos migrantes
e refugiados, dos menores e das mulheres estiveram no centro da intervenção do arcebispo
D. Manuel Monteiro de Castro, núncio apostólico em Espanha, chefe da delegação da
Santa Sé na conferencia dos ministros europeus da justiça, efectuada em Lanzarote,na
Espanha no âmbito do Conselho da Europa. Uma ocasião oportuna – afirmou D. Manuel
Monteiro – para reflectir sobre as condições e as modalidades de acesso á justiça
de categorias de pessoas vulneráveis, como os migrantes, aqueles que pedem asilo e
os menores, para que os seus direitos sejam tutelados e sejam prevenidas ou eliminadas
eventuais formas de discriminação. Estamos bem conscientes – explicou o arcebispo
D. Manuel Monteiro - que estas pessoas no continente europeu, de uma maneira ou outra,
sofrem formas de exclusão, de disparidade de tratamento, tanto no mundo do trabalho,
da educação e formação, como da assistência médica. E mais ainda, a exploração e os
abusos, também sexuais, que envolvem os menores e os migrantes, especialmente as mulheres,
põem numerosos problemas de ordem moral e jurídica. Trata-se de circunstâncias
– denunciou o representante da Santa Sé - tanto mais penosas porque dizem respeito
a pessoas sem defesa, as mais débeis e aquelas que vivem longe dos seus países, quase
sempre sem ter feito esta escolha. Para o chefe da delegação da Santa Sé, as razões
pelas quais se limita ou se nega a estas pessoas o acesso á justiça, deve procurar-se
antes de mais na sensibilidade dos indivíduos. E portanto, para desenraizar tais formas
de intolerância é necessário purificar e renovar o coração de cada um: somente então
será possível modificar o quadro legislativo e também os processos judiciais e as
garantias de processo que ás vezes chegam a privar os migrantes e os menores da sua
dignidade de pessoas, criando obstáculos ás suas aspirações e negando consequentemente
os seus direitos e a sua liberdade.A Santa Sé - advertiu D. Manuel Monteiro de Castro
– considera tais situações como uma flagrante contradição dos valores fundamentais
enraizados na cultura europeia, que inspiram o processo de integração no seio dos
povos europeus, além disso fazendo correr o risco de transformar as regras essenciais
da convivência numa simples legalidade formal que, muitas vezes, não é realmente funcional
perante as exigências da ordem social