Scalabrinianos querem contrariar a estigmatização contra cidadãos romenos que se vive
na Itália, depois de trágicos eventos de criminalidade.
(7/11/2007) Uma onda generalizada contra os imigrantes toma conta da sociedade italiana.
Na origem, está o assassinato de uma mulher italiana, Giovanna Reggiani, de 47 anos,
que foi baleada semi-nua pelo jovem romeno de 24 anos, Romulus Nicolae Moilat, que
foi preso. O crime ocorreu no dia 30 de Outubro. A vitima morreu depois de ter estado
dois dias em coma. A mulher tinha sido assaltada, em Roma, quando voltava para
casa, à noite, e foi levada pelo jovem para uma barraca de um acampamento próximo,
onde a violou e espancou com violência. Moilat que não tinha antecedentes criminais
em Itália, tinh registro penal no seu país de origem. Os missionários Scalabrinianos
dirigem uma carta aos responsáveis pela comunidade romena em Itália, e no estrangeiro,
manifestando o desprezo pela campanha de criminalização realizado pelos italianos,
depois dos trágicos eventos de criminalidade e desejam exprimir solidariedade a todos
quantos, pela via da emigração, lutam por uma vida digna. Numa carta denominada
“Quando o medo se torna obsessão”, os sacerdotes, referindo-se às reacções “fomentadas
por políticos, que procuram aprovações fáceis e espalham a ideia de que os italianos
estão em guerra porque são atacados por irregulares, imigrantes, refugiados, estrangeiros
e que são todos criminosos, afirmam tratar-se de uma “confusão e demagogia que em
tempo de crise encontra muito seguidores”. Há 120 anos a trabalhar a favor dos
migrantes em todo o mundo, os Scalabrinianos afirmam que quem acusa a “imigração como
um mal evitável engana-se, porque não é evitável, nem constitui um mal”, sublinham.
É antes um fenómeno que necessita de “controlo e melhores fluxos migratórios,
de forma a garantir a segurança de todos os cidadãos, valorizando a Carta dos Valores,
da Constituição e da integração”, mas apontam que tal “não se pode fazer acusando
indiscriminadamente comunidade inteiras, pelos erros de alguns”, sobretudo hoje, “nas
nossa sociedade multi étnicas e culturais da União Europeia, onde os estrangeiros
devem ser vistos, não como um problema mas como um recurso a valorizar”. Assim,
os missionários Scalabrinianos frisam que “nunca é demais insistir na educação para
as relações, para o encontro, para viver em conjunto”, e continuar a explicar a complexidade
do fenómeno migratório e a “denunciar as fáceis generalizações e prejudiciais estigmatizações”.
Este violento crime pôs em causa a imagem dos imigrantes romenos em Itália e levou
o governo a aprovar um decreto que autoriza a expulsão de cidadãos comunitários em
caso de graves delitos. Nos próximos dias o campo de emigrantes onde vivia o principal
suspeito será, inclusivamente, demolido. A polícia italiana acusa a comunidade
romena de ser a mais perigosa em termos de criminalidade a nivel nacional. A resposta
do governo italiano suscitou uma reacção das autoridades romenas. O primeiro ministro
Calin Tariceanu receia uma onda de xenófobia contra os romenos. “Agora existe o risco
de ficarmos mal vistos, mesmo se 99 por cento dos romenos a viver em Itália não se
metem na vida alheia, trabalham de forma séria e são apreciados.” O chefe de governo
italiano, Romano Prodi, sublinhou que os romenos não são os únicos visados pelo decreto.
“A vasta maioria da comunidade romena a viver em Itália é constituída por pessoas
sensatas e trabalhadoras e que cabe a elas identificar os compatriotas que estão a
prejudicar a imagem dos romenos honestos.