"Amar a palavra de Deus", como São Jerónimo: Bento XVI na audiência geral, dedicada
a este Padre da Igreja que traduziu toda a Bíblia em latim.O Papa saudou os bispos
portugueses, lamentou o acidente na A23 em Portugal e reconfortou os familiares das
vítimas.
(7/11/2007) O Papa convida os cristãos a “amar a Palavra de Deus”, a lerem-na sozinhos
e em comunidade, e a não desertarem a Missa como lugar de escuta comunitária da Palavra
de Deus: na audiência geral desta quarta-feira de manhã, na Praça de São Pedro, perante
umas 25 mil pessoas, Bento XVI desenvolveu uma ampla catequese sobre São Jerónimo,
o “Padre da Igreja” ao qual se ficou a dever, no século V, a tradução completa da
Bíblia em latim, “a chamada Vulgata que – recordou o Papa – se tornou texto
oficial da Igreja latina”, como tal proclamado pelo Concílio de Trento, e ainda hoje
um importante ponto de referência.
Depois de ter evocado a breves traços a
vida de São Jerónimo, Bento XVI perguntou-se quais os ensinamentos que se podem colher
a partir desta importante figura. Antes de mais, respondeu, “amar a Palavra de Deus
na Sagrada Escritura, e nunca esquecer que, como observou São Jerónimo, “ignorar as
Escrituras é ignorar Cristo”. Para cada cristão – exortou o Papa – “é importante um
diálogo vivo com a palavra de Deus”. Um diálogo que deve ter duas dimensões: individual
e comunitária. Porque (sublinhou), “Deus fala a cada um de nós hoje, e precisamos
de compreender o que o Senhor me diz”. Em todo o caso, logo acrescentou, “a
Palavra de Deus é-nos dada para construir comunidade e para nos unirmos no caminho
da descoberta de Deus”. Devemos, portanto, lê-la com a Igreja. E é por isso que um
lugar privilegiado para a escuta (da Palavra) é a liturgia, onde Deus se torna presente
na nossa vida”.
“A Palavra de Deus – observou ainda Bento XVI - transcende
os tempos, ao passo que as opiniões vão e vêm. Aquilo que hoje é moderníssimo, amanhã
está ultrapadíssimo. Só a Palavra de Deus é válida para sempre. Levando connosco a
Palavra de Deus, levamos em nós o eterno, a vida eterna”.
Na saudação na nossa
língua, cumprimentando de modo especial os Bispos portugueses presentes em Roma para
a sua visita “ad limina Apostolorum”, o Papa referiu com pesar e participação pessoal
o recente desastre que afectou o país:
“Com fraterna
amizade saúdo os Bispos de Portugal aqui presentes em Visita ad Limina Apostolorum,
com o seu povo no coração para a vida e para a morte. Compartilho a tristeza que vos
vai na alma pelo desastre rodoviário de anteontem, com numerosas vítimas e dezenas
de feridos; o braço forte do Pai celeste a todos guarde e console. Às famílias atingidas
por esta tragédia e a quantos trabalham por remediar as suas consequências, levai
a certeza da minha particular solidariedade orante. Sobre todos eles, vós e demais
peregrinos aqui presentes de língua portuguesa, com menção especial para o grupo vindo
do Brasil, desça a minha Bênção.”