Bispos Europeus atentos ás familias apresentam propostas á UE
(05/11/2007) Iniciativas políticas para prevenir o divórcio, a procura de um equilíbrio
entre o trabalho e a família, o combate a abusos domésticos, a protecção para quem
escolhe tomar conta, a tempo inteiro, dos filhos até aos três anos, reduções no IVA
nos produtos para crianças são algumas das medidas avançadas na “Proposta para uma
Estratégia da UE para o apoio aos casais e ao casamento”, delineada pelo Secretariado
da Comissão dos Episcopados Católicos da UE - COMECE. A União Europeia tem prestado
uma grande atenção às famílias, ao ponto de em Maio último, lançar um documento “Aliança
Europeia para as famílias”. Resultante desta abordagem, a COMECE afirma, na sua introdução
desta proposta, “não ter como objectivo questionar os acordos dos estados membros
sobre as políticas e jurisdição familiar. Pelo contrário, quer promover uma discussão
sobre o que podem as instituições da UE fazer dentro da sua jurisdição”. “As medidas
da UE para a legislação familiar consistem em trocar boas práticas e promover novas
abordagens. Isto pode moldar as medidas dos estados membros e levar ao estabelecimento
de patamares mínimos de bem estar”, afirma o documento. A diminuição da taxa de
nascimento e a crise das famílias, produz “sérios riscos e altos custos emocionais,
sociais e financeiros para a sociedade europeia”, aponta o documento. Assim, é do
interesse europeu “apoiar e fortalecer o vinculo estável e responsável entre um homem
e uma mulher, na qual o casamento é a expressão ideal”. “Ajudar os jovens casais
na sua vida relacional” e “apoiar os pais nas suas tarefas educativas” são objectivos
expressos no documento da COMECE, como “compromissos partilhados” entre os estados
membros da UE. A COMECE indica que desde 1980 até 2005, o número de divórcios
aumentou mais de 50% na Europa e cerca de 13,5 milhões de divórcios afectaram mais
de 21 milhões de crianças nos últimos 15 anos. Para a COMECE, “a revisão da Estratégia
de Lisboa deveria ser uma oportunidade para fortalecer a dimensão social, introduzindo
iniciativas para um melhor equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal”. Os abusos
domésticos destabilizam as relações familiares. A COMECE sublinha a necessidade de
se encontrarem medidas, especialmente vocacionadas para prevenir a delinquência juvenil,
“muitas vezes consequência de comportamentos familiares”. O documento aponta a importância
de “apoiar as associações locais e os voluntários comprometidos na ajuda às famílias”.
Na revisão da Estratégia de Lisboa, a COMECE indica que, a sociedade deveria receber
“uma forte indicação de que ficar em casa a tomar conta dos filhos (até pelos menos
aos três anos de idade) é uma contribuição importante para o bem estar de todos os
cidadãos europeus”, uma vez assegurada a não descriminação “nos impostos ou pensões”
daqueles que tomam esta decisão. “A UE tem jurisdição sobre impostos indirectos”,
afirma o documento, que propõe uma redução de IVA nos “produtos básicos para crianças”.
Para evitar riscos a que as crianças estão expostas, a COMECE recomenda a retirada,
através de medidas específicas, de “video jogos mais perigosos”, assim como uma ajuda
aos pais na orientação a dar aos filhos, para o uso de telemóveis e internet. O
bem estar das crianças estende-se à área alimentar também. A COMECE reafirma a importância
do papel dos pais no comportamento alimentar dos filhos, essencial também na prevenção
“do álcool e de drogas”. A COMECE pede à Comissão Europeia a melhoria de apoios
a crianças que sofrem de perturbações mentais ou estão incapacitadas (o documento
estima cerca de 2 milhões na Europa). O documento pede também medidas para facilitar
o reagrupamento familiar, em contexto de migrações, e para que estas sejam encaradas
como “desafios à inclusão social”.