Dos Santos aos Fiéis Defuntos: a celebração do mistério da vida para além da morte.
(1/11/2007) A proximidade dos dois dias do princípio de Novembro, respectivamente
o dia 1 e 2 deste mês, levou a que frequentemente se imagine que se trata de uma única
celebração em dois dias consecutivos. No entanto, não é assim, embora cada um destes
dois dias tenha muito de comum, que é a celebração do mistério da vida para além da
morte e a esperança de nela tomarmos parte, como membros do mesmo e único Corpo de
Cristo que por nós morreu e para nós ressuscitou. Os Santos sempre foram celebrados
desde o princípio do Cristianismo, particularmente os Mártires. Na solenidade
de todos os Santos, a Igreja propõe-se a visão da glória, às portas do Inverno, para
que, com o cair das folhas das árvores e o apagar-se gradual da luz do dia, não esmoreça
nos seus filhos a esperança da vida e da vida plena em Deus, onde os Santos são para
nós ainda peregrinos na Terra, um estímulo e um contínuo convite a que desejemos,
para além da morte, a vida eterna em Deus. O dia de Todos os Santos é, por isso,
um dia de festa que não deve ser ofuscada pela celebração do dia que se lhe segue.
A comemoração de todos os Fiéis Defuntos nasceu, no entanto, em ligação com a
celebração do dia anterior, e muito naturalmente, pois que também nela se celebra
a vida para além da morte, na esperança da ressurreição do último dia. O dia chama-se
Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, depois de Todos os Santos, todos os que partiram
deste mundo, marcados com o sinal da fé e esperam ainda a purificação total para poderem
chegar à visão de Deus. A sucessão dos dois dias litúrgicos insinua a íntima ligação
dos dois cultos: a Igreja pretende abraçar todos os cristãos que já concluíram a sua
peregrinação terrena, a começar por aqueles nos quais já se cumpriu integralmente
o mistério pascal com o triunfo da ressurreição de Jesus Cristo.