REPRESENTANTE VATICANO FALA NA ONU SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DESAFIOS AMBIENTAIS
Nova Iorque, 30 out (RV) - A emergência ambiental é um desafio moral e a erradicação
da pobreza permanece sendo um objetivo prioritário para o desenvolvimento sustentável.
Foram algumas das afirmações do observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino
Migliore, durante a 62ª sessão da Assembléia Geral da ONU. Em seu pronunciamento,
o arcebispo ressaltou que a proteção do ambiente não deve ser considerada em oposição
ao desenvolvimento.
"A proteção do ambiente _ afirmou Dom Migliore _ implica
uma visão mais positiva da vida humana"; o homem _ defendeu o prelado _ não deve ser
considerado como uma ameaça, mas sim, como "responsável pela proteção do ambiente".
Nesse sentido _ observou o prelado _ não deve existir oposição entre vida humana e
ambiente, porque se trata de "uma aliança inseparável".
Além disso, Dom Migliore
afirmou que "o dever de proteger o ambiente não deve ser sacrificado no altar da economia.
A emergência ambiental torna-se, portanto, "um desafio moral" que faz necessária a
análise da utilização e da distribuição dos recursos da terra. É um desafio _ reiterou
o arcebispo _ que nos exorta a "viver em harmonia com o ambiente".
O ambiente
_ ressaltou _ é inseparável de questões como a economia, paz e justiça, interesses
nacionais e solidariedade internacional.
Portanto, enquanto se procura encontrar
o caminho melhor para proteger o ambiente, se deve também trabalhar para promover
"a justiça entre sociedades e nações". Deve-se ainda considerar que hoje, em muitos
países, os pobres se encontram mais em contato com a degradação ambiental: de fato,
são os mais pobres _ afirmou o observador permanente da Santa Sé _ que vivem "em terras
poluídas, em áreas próximas a depósitos tóxicos e em propriedades dos outros sem ter
nenhum acesso aos serviços básicos".
Além disso, muitos cultivadores pobres
desmatam florestas para sobreviver, e isso alimenta um círculo vicioso de pobreza
e de degradação ambiental. Todavia, o cenário atual não apresenta somente lados obscuros:
entre os sinais de encorajamento, Dom Migliore indicou um mais acentuado sentido de
responsabilidade por parte do grande público sobre temas ambientais. É também encorajador
que muitas pessoas _ após previsões catastróficas das mudanças climáticas _ se preocupem
com questões ligadas ao ambiente.
"A degradação ambiental provocada por modelos
de desenvolvimento econômico _ defendeu o representante vaticano _ faz entender que
o desenvolvimento não se realiza com um aumento meramente quantitativo de produção,
mas com impostações equilibradas para a produção" que contemplem o respeito pelos
direitos dos trabalhadores e a proteção do ambiente.
A esperança _ declarou
Dom Migliore _ é que esses sinais positivos possam levar à consolidação de uma visão
capaz de promover o progresso humano. Uma visão _ explicou _ que se fundamente no
respeito pela natureza e numa solidariedade internacional, na qual "a responsabilidade
pelo ambiente seja dividida eqüitativamente e proporcionalmente entre os países ricos
e Estados pobres".
É necessário certificar-se junto às autoridades _ ressaltou
o arcebispo _ que esses sinais promissores "se traduzam em políticas públicas capazes
de deter, inverter e impedir a deterioração ambiental".
As leis não são suficientes
para alterar o comportamento. A mudança _ concluiu _ requer relações mais justas entre
Estados, "o compromisso pessoal e a convicção ética do valor da solidariedade". (RL)