ONU: CULTIVAR GRÃOS PARA FABRICAR COMBUSTÍVEIS É "CRIME CONTRA A HUMANIDADE"
Nova York, 30 out (RV) - A produção de biocombustíveis está enfrentando forte
resistência na ONU. O relator especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação,
Jean Ziegler, chegou a classificar essa nova tendência mundial _ que está ganhando
força no Brasil _ de "crime contra a humanidade".
Na avaliação de Ziegler,
os biocombustíveis irão provocar um aumento nos preços dos gêneros alimentícios, principalmente
nos países mais pobres. Ele lembra que mais de 854 milhões de pessoas sofrem com a
fome no mundo, situação que, segundo sua avaliação, tende a piorar, com a utilização
de grãos na fabricação de combustíveis.
Ziegler justifica sua análise, explicando
que, na medida em que a população aumenta, diminui a quantidade de terras cultiváveis,
o que torna os alimentos mais caros. Com a utilização dos espaços de terra no plantio
de grãos para combustíveis, a tendência é _ segundo ele _ de que o problema se agrave.
O relator da ONU lembra que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional
(FMI), os gêneros alimentícios não têm conseqüências significativas na inflação geral.
Mas, em países em desenvolvimento, a inflação desses produtos representa aproximadamente
9% do total. E isso ocorre porque, nas sociedades pobres, a cota do salário destinada
à comida é maior. Um consumidor norte-americano, por exemplo, destina, em média, 10%
dos seus ganhos à alimentação, enquanto na África, esse índice chega a 60%. (GA/AF)