FILOSOFIA PODE AJUDAR A COMBATER O FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO
Jacarta, 29 out (RV) - A filosofia pode ser um bom meio para combater o fundamentalismo
islâmico: é a tese defendida por Pe. Franz Magnis-Suseno, docente de Filosofia, na
Universidade Católica da capital indonésia, Jacarta. Segundo ele, se os fiéis e intelectuais
muçulmanos forem envolvidos no debate filosófico, "isso os ajudará a considerar o
Islã a partir de uma diversa perspectiva".
Pe. Magnis-Suseno observou que numerosos
muçulmanos, estudando filosofia, história e matérias humanistas, se vêem orientados
para um horizonte cognoscitivo e especulativo muito mais amplo, enquanto, muitas vezes,
os fundamentalistas estudam mais ciências naturais.
"Necessitamos de filósofos!"_
disse o jesuíta, condenando o fato que, nas Universidades ocidentais, se venha afirmando
a tendência a cortar os fundos destinados aos estudos da área de ciências humanas,
o que poderia contribuir para reforçar o fundamentalismo islâmico no Ocidente.
O
sacerdote advertiu que, na Indonésia, as Universidades islâmicas ensinam uma doutrina
islâmica bastante aberta e tolerante, e incluem o ensino de matérias como hermenêutica
e teologia, muito influenciadas pelo pensamento ocidental. Ao contrário, os fundamentalistas
tendem a freqüentar Universidades públicas, e vêem nas novas linhas de interpretação
do Alcorão uma "tentativa dos cristãos", de vencer o Islã.
Pe. Magnis-Suseno
propôs o caminho do diálogo inter-religioso em todos os níveis: espiritual, intelectual
e material, para o bem da Indonésia. "Se trabalharmos juntos _ sublinhou _ poderemos
resolver todos os problemas do país." Ele acrescentou que a cooperação deveria envolver
todos os campos da sociedade: da luta à corrupção à instituição de um Estado de direito
e de uma justa ordem econômica, num país em que metade da população vive com menos
de dois dólares por dia.
"É importante _ concluiu _ instaurar boas relações
com os fiéis e com os líderes muçulmanos, num processo de conhecimento recíproco que
gere confiança", recordando que, como afirmou, certa vez, um líder muçulmano, "a arma
secreta dos cristãos é o amor". (AF)