Beatificações não são politicas: Cardeal Tarcisio Bertone na celebração eucaristica
de acção de graças na Basilica de São Pedro
(29/10/2007) O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, defendeu
hoje que a beatificação de 498 fiéis martirizados na perseguição religiosa que teve
lugar durante a Guerra Civil (1934-1939) não deve ser vista de um ponto de vista político.
Os mártires, indicou, "não foram propostos à veneração do povo de Deus pelas suas
implicações políticas, nem para lutar contra quem quer que seja, mas para oferecer
a sua existência como testemunho de amor a Cristo" e com a plena consciência de sentir-se
membros da Igreja”. O cardeal Bertone fez esta afirmação na homilia da celebração
eucarística de acção de graças pela beatificação destes fiéis, ocorrida neste Domingo
na Praça de São Pedro aqui em Roma. Os novos beatos são dois bispos, 24 sacerdotes
diocesanos, 462 membros de Institutos de Vida Consagrada (religiosos), um diácono,
um subdiácono, um seminarista e sete leigos. As beatificações acontecem no momento
em que o projecto de lei da Memória Histórica deve ser votado esta semana pelo parlamento
espanhol, que lembra as vítimas da guerra, bem como as do regime de Franco. A
Conferência Episcopal Espanhola (CEE) tem insistido na ideia de que os beatos da Igreja
Católica não são "mártires da guerra civil" espanhola, mas "mártires da perseguição
religiosa", evitando assim fazer da cerimónia uma homenagem a uma das facções envolvidas
no conflito. O Cardeal Bertone, na sua homilia desta manhã, na Basílica de São
Pedro, não deixou de falar das "circunstâncias históricas trágicas" que levam à "morte
violenta" por causa da fé, mas frisou que os mártires "transcendem o momento histórico".
Nesse sentido, observou, "não são simples heróis ou personagens de uma época longínqua",
mas "faróis" que ensinam os crentes a viverem a vida da fé "perante uma cultura que
procura afastar ou menosprezar os valores morais e humanos que são ensinados pelo
próprio Evangelho". Com a sua vida e o testemunho da sua morte ensinam-nos que
a felicidade autentica se encontra na escuta do Senhor e em pôr em pratica a Sua Palavra Juntamente
com dezenas de Cardeais, Bispos e sacerdotes, o Cardeal Bertone centrou-se precisamente
no significado religioso da maior celebração de beatificação da história da Igreja,
pedindo que a mesma "suscite na Espanha um vigoroso chamamento a reavivar a fé e a
intensificar a comunhão eclesial”.