(27/10/2007) Cerca de 400 peritos tomaram o pulso à Terra e, com o contributo de
outros mil conselheiros, traçaram para o Programa das Nações Unidas para o Ambiente
mais um Panorama Global, nesta sua quarta edição fazendo o diagnóstico do estado das
coisas relativo a 2006. Segundo eles, os grandes problemas ambientais persistem, apesar
de alguns esforços para os contrariar, esforços esses considerados insuficientes.
As maiores ameaças, afirmam, são as mudanças climáticas, a extinção acelerada de espécies
e a previsível incapacidade de produzir alimentos para uma população em crescimento.
É
certo que aumentou a consciência sobre os problemas ambientais, mas as soluções são
ainda muito curtas para revertê-los. Por outro lado, se as agendas políticas tentam
integrar uma visão sustentável do desenvolvimento económico, há uma contra-corrente
de interesses encabeçados por "grupos poderosos capazes de influenciar as decisões
políticas". Esta é parte do diagnóstico avançado pelo documento do Programa das Nações
Unidas para o Ambiente, divulgado esta quinta feira.
O relatório indica um
número muito pequeno de avanços positivos alguns cortes nas emissões de gases com
efeito de estufa, um relativo aumento de áreas protegidas. No resto, só desgraças.
Um dos maiores perigos que espreitam a humanidade é a escassez de solos para a agricultura,
seja devido à ocupação pela construção, seja pelo empobrecimento dos terrenos, pela
desertificação e pela falta de água. Esta já é consumida em 70% das reservas pela
agricultura. O aumento das necessidades alimentares e também a procura de biocombustíveis
conquistam mais áreas de floresta. Dado reconfortante é que terá estancado a destruição
da Amazónia. Mas a desflorestação noutras regiões está a intensificar desastres naturais
como as inundações.
Entretanto, os recursos marinhos estão a ser destruídos
pela sobrepesca feita por frotas internacionais. E há fenómenos que, numa primeira
fase pareciam ajudar economias locais pobres, mas as depauperaram ainda mais. É o
caso de mangais, na Ásia, que foram destruídos para a aquacultura de camarão; não
só eles abriram espaço às inundações, como a doenças entre os habitantes, devido aos
resíduos produzidos. Os resíduos, aliás, surgem no relatório como um dedo apontado
aos países desenvolvidos, nomeadamente à Europa. Esta anda a "exportar vulnerabilidades",
por exemplo através dos resíduos tóxicos.
Já a extinção de espécies, assegura
o documento, começa a atingir proporções idênticas à das quatro extinções maciças
que ocorreram na história da Terra.