A IGREJA NÃO ESTÁ LIGADA A NENHUMA FORMA PARTICULAR DE CULTURA OU SISTEMA POLÍTICO:
ENCONTRO DO PAPA COM EMBAIXADOR DO EQUADOR
Cidade do Vaticano, 27 out (RV) - Bento XVI iniciou suas atividades de hoje
recebendo em audiência, esta manhã, no Vaticano, o novo embaixador do Equador junto
à Santa Sé, Fausto Cordovez Chiriboga, que apresentou suas credenciais ao Santo Padre.
Citando a Gaudium et spes _ Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo de
hoje _ o papa reiterou que "a Igreja não está ligada, por força da sua missão e natureza,
a nenhuma forma particular de cultura ou sistema político, econômico ou social" (GS,
42).
A Igreja _ afirmou o pontífice _ "oferece uma importante contribuição
para o bem comum" do Equador, e disso deriva "a necessidade de promover e reforçar
o âmbito de liberdade" que os textos constitucionais do país lhe reconheceram.
Por
isso _ ressaltou o Santo Padre _ fazemos votos de que a nova ordem constitucional
contemple as mais amplas garantias para a liberdade religiosa dos equatorianos.
Em
seguida, Bento XVI disse que "a humanidade se encontra hoje diante de novos cenários
de liberdade e esperança, atingidos por situações políticas instáveis e por conseqüências
provocadas por estruturas sociais frágeis".
Além disso, se vai reforçando,
sempre mais, a interdependência entre Estados. Portanto, é necessário e urgente _
observou o papa _ "trabalhar para a construção de uma ordem interna e internacional
que promova a convivência pacífica, a cooperação, o respeito pelos direitos humanos"
e o reconhecimento da inviolável dignidade da pessoa.
Nesse sentido, "pensando
nos numerosos equatorianos que emigram para outros países", buscando um futuro melhor
para si mesmos e para seus familiares, não podemos esquecer _ afirmou o papa _ que
"o amor, Caritas, será sempre necessário".
Retomando a encíclica Deus
caritas est, Bento XVI recordou que aqueles que "desconhecem o amor não seguem
o homem enquanto homem". Por isso, deve ser construído um Estado que não regule e
domine tudo.
"Aquilo que é necessário _ disse Bento XVI citando ainda uma passagem
de sua encíclica _ é um Estado que generosamente reconheça e apóie, de acordo com
o princípio de subsidiariedade, as iniciativas que surgem das forças sociais."
Ademais
_ explicou o papa _ "um governo democrático deve alimentar uma cultura de respeito
e igualdade orientada a servir o povo inteiro". Por isso _ disse o Santo Padre _ o
governo do Equador manifestou "a sua decidida vontade de responder às necessidades
dos mais pobres, inspirando-se na Doutrina Social da Igreja".
Por sua vez,
dirigindo-se a Bento XVI, o embaixador do Equador disse que o povo equatoriano é profundamente
cristão e católico; vivemos grandes contradições _ concluiu o diplomata _ diante das
quais a nossa fé deve constituir um verdadeiro baluarte para afrontar com os nossos
firmes princípios e a nossa vocação cristã, "os ataques que buscam ruir, nos fundamentos,
as nossas tradições cristãs". (RL)