Viena, 26 out (RV) - Realizou-se esta manhã, na Catedral da Imaculada, em Linz,
na Áustria, a cerimônia de beatificação de Franz Jägerstätter, mártir da fé que se
opôs ao partido de Hitler durante a II Guerra Mundial. A celebração, que se realizou
justamente no dia no qual é recordada a libertação da Áustria _ do nazismo, foi presidida
pelo bispo da Diocese de Linz, Dom Ludwig Schwarz. O papa foi representado na cerimônia
pelo prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal José Saraiva Martins.
Um
leigo, casado, pai de família, morto com apenas 36, por ter se oposto ao nazismo.
Franz Jägerstätter soube dizer não aos homens para permanecer fiel aos ensinamentos
do Evangelho, assumidos com simplicidade de coração e de linguagem em sua breve vida
de camponês, vivida entre os vales da Alta Áustria, onde nasceu em 1907.
Foi
com a força de tais princípios, testemunhados na vida cotidiana, que soube dizer não
ao nazismo _ que o chamou às armas em 1943 durante a II Guerra Mundial. Antes, Franz
já havia rejeitado o encargo de prefeito que lhe havia sido oferecido em 1938, após
a anexação da Áustria à Alemanha nazista.
De nada valeram as tentativas daqueles
que buscaram convencê-lo a alistar-se para não colocar a vida em risco, entre os quais
o seu pároco, Josef Karobath, que mais tarde admitiu: "Sempre nos derrotou citando
as Escrituras".
Franz permaneceu firme em suas convicções, rezando e meditando
também no cárcere. "Escrevo com as mãos amarradas _ lê-se em seu Testamento _ mas
prefiro essa condição a ter amarrada a minha vontade."
E é justamente essa
coragem indômita _ ressaltou em sua mensagem o Cardeal Saraiva Martins _ que faz de
Franz Jägerstätter um exemplo para os cristãos de hoje. Num tempo como o nosso no
qual não faltam os condicionamentos e até mesmo a manipulação das consciências e das
inteligências _ escreveu o purpurado _ o seu caminho é um desafio e um encorajamento
para viver a fé com coerência e compromisso radical, até as últimas conseqüências,
se necessário. (RL)