No final do encontro internacional pela paz, promovido em Nápoles pela Comunidade de Santo Egídio lideres das várias religiões emitem posição de força contra a guerra e o terrorismo com justificação religiosa.

(24/10/2007) Os líderes de várias confissões cristãs e outras grandes religiões deixaram ontem em Nápoles um apelo contra a violência cometida em nome de Deus, classificada como uma "blasfémia".
"Quem quer que utilize o nome de Deus para ferir o outro, cometer actos violentos, fazer a guerra, blasfema contra o nome de Deus", pode ler-se no documento conclusivo do Encontro Internacional pela Paz, promovido pela Comunidade de Santo Egídio.
Reunidos em volta do tema "Por um mundo sem violência", os cerca de 200 participantes reafirmaram o seu apoio à paz, à solidariedade e ao diálogo.
O encontro de Nápoles foi inaugurado por Bento XVI, o qual defendeu que “as religiões podem e devem oferecer preciosos recursos para construir uma humanidade pacífica, porque falam de paz ao coração do homem”.
O Papa marcou presença na cidade italiana a convite da Arquidiocese local, que se uniu à Comunidade de Santo Egídio para promover o Encontro Internacional de líderes religiosos pela paz. Para além de Bento XVI, marcaram presença na cidade italiana o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I; o Arcebispo Primaz da Igreja Anglicana, Rowan Willians; o Rabino chefe de Israel, Yona Metzger; o reitor da Universidade de Al-Azhar (Egipto), Ahmad Al-Tayyeb, bem como vários representantes políticos.
A iniciativa de juntar líderes das várias religiões partiu da comunidade católica de Santo Egídio, que procura desenvolver os caminhos abertos pelo histórico encontro pela paz que João Paulo II convocou para Assis.
Este percurso de 21 anos já atravessou as principais cidades da Itália e capitais europeias. Segundo os promotores da iniciativa, "num tempo marcado pelo terrorismo e as guerras, bem como por esforços de diálogo e reconciliação, as religiões assumiram um papel relevante no espaço público".
Ecumenismo, diálogo intercultural, identidade europeia, perspectivas políticas sobre a África, América Latina e Ásia foram vários dos temas abordados neste evento.
Na declaração final, os participantes consideram que a violência é uma "doença contagiosa" que toma a forma de "guerra, terrorismo, pobreza e desespero, exploração do planeta". Tudo isto "atinge os inocentes e desfigura a humanidade", refere o Apelo de Paz 2007, onde se lê que "a violência é sempre uma derrota".
O próximo Encontro deste género terá lugar na Ilha de Chipre, em 2008.