BISPOS DO GABÃO INICIAM VISITA ‘AD LIMINA’: PROGRESSOS E DESAFIOS NO PAÍS AFRICANO
Cidade do Vaticano, 23 out (RV) - Seis anos após a última visita ‘ad Limina’,
os bispos do Gabão se encontram desde ontem, no Vaticano, para encontrar Bento XVI
e referir progressos e problemas que a Igreja registra no país africano.
Trata-se
de uma Igreja radicada num Estado com boas condições de saúde e livre de expressar-se,
preocupada especialmente com a difusão das seitas religiosas e, portanto, particularmente
engajada na difusão do Evangelho, sobretudo entre os mais jovens. Dias atrás, o Gabão
voltou à ribalta por uma questão muito debatida no campo internacional.
Há
dois dias, a atualidade desse país africano banhado pelo Golfo de Guiné conquistou
um espaço nas primeiras páginas do noticiário internacional, com a decisão de seu
presidente de abolir a pena de morte. O anúncio repercutiu também em Nápoles, no encontro
da Comunidade de Santo Egídio, no dia seguinte ao da visita de Bento XVI à cidade
do sul da Itália.
E ao retornar ao Vaticano, o Santo Padre encontrou justamente
os bispos do Gabão, com seu leque de questões pastorais e sociais vividos num Estado
positivamente “anômalo” em relação aos padrões de muitos países africanos:
Um
Estado com uma boa economia _ graças a uma abundância de recursos naturais, sobretudo
de diamantes _ e democraticamente mais estável do que cerca de vinte anos atrás, após
a introdução de uma nova Constituição e de um sistema multipartidário. A crescente
urbanização ao longo da costa e em torno da capital, Libreville, é prova desse constante
melhoramento das condições de vida no país. Libreville foi, no passado, símbolo de
liberdade dos ex-escravos que a fundaram, e hoje é centro portuário de relevo que
produz trabalho e bem-estar.
A história da Igreja gabonense tem cerca de 160
anos. Em sua origem _ análoga à de tantos outros países no passado considerados de
“fronteira” _ encontra-se a pregação dos missionários, neste caso, da Congregação
do Espírito Santo _ também conhecidos no Brasil como Espiritanos.
A primeira
ordenação sacerdotal no país deu-se no ano 1899, e na metade dos anos 50 do século
passado deu-se a instituição da hierarquia eclesial. A visita de João Paulo II ao
país africano encontra-se mais próxima no tempo e na memória dos gabonenses. De fato,
o papa Wojtyla chegou a Libreville em 1982, evento que ao longo deste ano _ a 25 anos
de distância _ foi marcado por uma série de celebrações comemorativas, marcadas pela
frase que João Paulo II deixou na ocasião à Igreja local: “Levante-te e caminha”.
Hoje,
numa população de um milhão e meio, pouco mais da metade é formada por católicos,
subdivididos numa arquidiocese metropolitana, quatro dioceses e uma prefeitura apostólica.
A outra metade dos gabonenses pertence a comunidades protestantes ou professa crenças
tradicionais.
Por outro lado, o dado mais relevante é o crescimento das seitas
religiosas, sobretudo, pentecostais. Um dado e um desafio para a Igreja no Gabão,
como confirma o arcebispo de Libreville, Dom Basile Mvé Engone, entrevistado pela
Rádio Vaticano:
Dom Basile Mvé Engone:- ”A Igreja no Gabão foi fundada
pelos padres do Espírito Santo em 1844, pelo Pe. Bessieux, que fundou a primeira Igreja
e as primeiras estruturas. Hoje o país _ independente desde 1960 _ se esforça para
criar as condições de desenvolvimento, do qual possa se beneficiar a grande parte
da população. Em nível social, o contexto não é de luta, mas um contexto no qual os
responsáveis políticos se esforçam para redistribuir as riquezas a todos. Diferentemente
de uma situação geral africana _ na qual comumente se deve esperar ajudas externas
_ devemos fazer de modo que o desenvolvimento nasça de nós mesmos.”
P. Dom
Engone, qual é o desafio principal para a Igreja no Gabão?
Dom Basile
Mvé Engone:- ”Daquilo que posso ver a partir da minha arquidiocese, Libreville,
o desafio principal é o da formação. A formação dos cristãos, dos sacerdotes, dos
seminaristas, para que a mensagem evangélica possa ser inculturada e possa ocupar
na sociedade o espaço que lhe compete. Assim, as pessoas que recebem o anúncio poderão
ser por ele transformadas nos estilos de vida, nos costumes familiares. Esse é o desafio
da Igreja, sobretudo hoje que há uma multidão de seitas que chegam do exterior, de
modo especial do continente americano _ do sul e do norte _ e invadem as nossas sociedades
da África subsaariana.” (RL)