Fé e oração - a força que transforma o mundo em Reino de Deus: Bento XVI em Nápoles,
com vento e chuva
“Nápoles carece de apropriadas intervenções políticas, mas antes ainda precisa de
uma profunda renovação espiritual, de crentes que põem plena confiança em Deus e se
empenham em difundir na sociedade os valores do Evangelho”.
Foi acompanhado
por um vento glacial e por uma chuva inclemente que teve lugar, neste domingo, a visita
pastoral de Bento XVI à cidade de Nápoles. O Papa presidiu à celebração eucarística
numa vasta praça do centro. Presentes também as delegações de variadas confissões
cristãs e de outras religiões, que participam no Encontro de líderes religiosos a
favor da paz, desta vez sob o tema “Por um mundo sem violência – Religiões e culturas
em diálogo”.
Sem deixar de evocar as muitas situações de dificuldade social
e de violência com que se confrontam os napolitanos, Bento XVI, comentando o Evangelho
do dia, sublinhou que “a força que… transforma o mundo em Reino de Deus é a fé – e
expressão da fé é a oração”.
“Quando a fé se enche plenamente de amor de
Deus – reconhecido como Pai bom e justo, a oração torna-se perseverante, insistente,
torna-se um gemido do espírito, um grito da alma que penetra o coração de Deus. Desse
modo, a oração torna-se a maior força de transformação do mundo”.
Em todo
o caso – prosseguiu o Papa, referindo o exemplo da pobre viúva de que fala o Evangelho
– “Deus não pode transformar as coisas sem a nossa conversão, e a nossa conversão
inicia com o grito da alma, que implora perdão e salvação”.
“A oração cristã
não é portanto expressão de fatalismo e de inércia, pelo contrário , é o oposto da
evasão da realidade, do intimismo consolatório: é força de esperança, máxima expressão
da fé na potência de Deus que é Amor e não nos abandona”.
Comentando a figura
de Moisés, de braços abertos em oração persistente, o Papa não hesitou em afirmar
que “Deus tem necessidade das mãos levantadas do seu servo”, braços levantados que
fazem pensar nos de Jesus crucificado… Foi assim que o Redentor venceu a batalha decisiva
contra o inimigo infernal. “A sua luta, as suas mãos levantadas para o Pai e abertas
sobre o mundo requerem outros braços, outros corações que continuem a oferecer-se
com o seu mesmo amor, até ao fim do mundo”.
Falando da violência e das variadas
formas de pobreza e mal-estar que reinam em Nápoles, Bento XVI advertiu para o risco
de que a violência se torne uma mentalidade difusa e sugeriu a necessidade de se intervir
a diversos níveis:
“É necessário uma intervenção que envolva a todos na luta
contra todas as formas de violência, partindo da formação das consciências e transformando
as mentalidades, as atitudes e os comportamentos de todos os dias. Dirijo este convite
a todos os homens e mulheres de boa vontade, no momento em que se realiza aqui em
Nápoles o Encontro entre os lideres religiosos pela paz, tendo como tema: “Por um
mundo sem violência – Religiões e culturas em diálogo”.
Na alocução pronunciada
no final da Missa, antes da recitação do Angelus, Bento XVI, referindo de novo este
Encontro promovido pela Comunidade de Santo Egídio, fez votos de que “esta importante
iniciativa cultural e religiosa possa contribuir para consolidar a paz no mundo”. Não
faltou uma menção expressa à ocorrência neste domingo do Dia Mundial das Missões,
tendo este ano como tema “Todas as Igrejas para todo o mundo”. O Papa recordou que
“cada Igreja particular é corresponsável pela evangelização de toda a humanidade”
e fez apelo a que não falte, “a todos os que actuam nas fronteiras da missão”, “apoio
espiritual e material”.