Bento XVI reafirma "autêntico espírito de Assis", dirigindo-se em Nápoles aos líderes
religiosos
Mantendo vivo, ano após ano, o "espírito de Assis", a Comunidade de Santo Egídio mais
uma vez congregou os líderes das diferentes confissões cristãs e das diversas religiões,
seguindo o repetido apelo de João Paulo II. O encontro tem lugar em Nápoles, aonde
se deslocou o Papa neste domingo 21. Na homilia da Missa celebrada por Bento XVI,
com a presença dos delegados cristãos, Bento XVI, falando da violência e das variadas
formas de pobreza e mal-estar que reinam em Nápoles, advertiu para o risco de que
a violência se torne uma mentalidade difusa e sugeriu a necessidade de se intervir
a diversos níveis: “É necessário uma intervenção que envolva a todos na luta contra
todas as formas de violência, partindo da formação das consciências e transformando
as mentalidades, as atitudes e os comportamentos de todos os dias. Dirijo este convite
a todos os homens e mulheres de boa vontade, no momento em que se realiza aqui em
Nápoles o Encontro entre os lideres religiosos pela paz, tendo como tema: “Por um
mundo sem violência – Religiões e culturas em diálogo”.
Na breve alocução
pronunciada no final da Missa, antes da recitação do Angelus, Bento XVI, fez votos
de que “esta importante iniciativa cultural e religiosa possa contribuir para consolidar
a paz no mundo”.
Por volta das 13 horas, na Aula Magna do Seminário de Nápoles,
Bento XVI encontrou-se com os representantes das Igrejas e comunidades eclesiais e
expoentes das grandes religiões mundiais. Saudando-os cordialmente, o Papa recordou
a iniciativa do seu predecessor, que está na origem deste encontro anual: aquele primeiro
encontro de Assis, em 1986, quando João Paulo II convidou altos representantes religiosos
a congregarem-se na cidade de São Francisco, para rezarem pela paz, “sublinhando nessa
ocasião o elo intrínseco que une uma autêntica atitude religiosa com a viva sensibilidade
por este bem fundamental da humanidade. Convite renovado pelo mesmo Papa Wojtyla,
em 2002, depois dos dramáticos acontecimentos do 11 de Setembro do ano anterior. E
aqui Bento XVI quis precisar o conceito genuíno daquilo que se costuma designar como
o “espírito de Assis”.
“No respeito das diferenças das várias religiões, somos
todos chamados a trabalhar pela paz e a empenharmo-nos concretamente na promoção da
reconciliação entre os povos. É este o autêntico ‘espírito de Assis’, que se opõe
a toda e qualquer forma de violência e ao abuso da religião como pretexto para a violência.
Perante um mundo lacerado de conflitos, onde por vezes se justifica a violência
em nome de Deus, é importante reafirmar que nunca as religiões se podem tornar veículos
de ódio; nunca, em nome de Deus, se pode chegar a justificar o mal e a violência.
Pelo contrário, as religiões podem e devem oferecer preciosos recursos para construir
uma humanidade pacífica, porque falam de paz ao coração do homem.