UMA IGREJA A SERVIÇO DO EVANGELHO E DOS MAIS NECESSITADOS: INICIADA A VISITA 'AD LIMINA'
DOS BISPOS DA REPÚBLICA DO CONGO
Cidade do Vaticano, 15 out (RV) - Bento XVI recebeu em audiência, esta manhã,
no Vaticano, um grupo de bispos da Conferência Episcopal da República do Congo, também
conhecida como Congo-Brazzaville, em visita ad Limina.
Trata-se de uma
Igreja a serviço do Evangelho e dos mais necessitados. Evangelizado há mais de cem
anos pelos padres Espiritanos (Congregação do Espírito Santo), o Congo-Brazzaville
conheceu, sobretudo na primeira metade do século passado, um notável crescimento numérico
da comunidade eclesial. Hoje, 58% dos 3 milhões de habitantes desse país _ com território
pouco maior que o do Estado de Tocantins _ é de fé católica. Também as vocações sacerdotais
estão em crescimento.
O Congo conta uma arquidiocese, cinco dioceses e uma
prefeitura apostólica. Os sacerdotes são cerca de 400. Após mais de vinte anos de
governos de matriz marxista, a Igreja se engajou no processo de reconstrução da sociedade
civil congolesa, apoiando a transição ao multipartidarismo, na primeira metade dos
anos 90.
Nos últimos anos, o episcopado tem denunciado os males que afligem
o país, da miséria à AIDS, da desagregação das famílias ao aborto, e mais uma vez
a má administração das riquezas do subsolo.
Por outro lado, a Igreja congolesa
mostra grande vitalidade e hoje muitos jovens congoleses aceitam partir como missionários.
Sobre os desafios atuais para a Igreja no Congo, eis o testemunho do presidente da
Conferência Episcopal do Congo-Brazzaville e bispo de Kinkala, Dom Louis Portella
Mbuyu:
Dom Louis Portella Mbuyu:- "Hoje há muito trabalho a ser feito
na Pastoral da Família. Hoje encontramos uma diminuição do número de matrimônios cristãos:
formam-se muitos casais, mas quando se trata de dar o passo do matrimônio sacramental
começam os problemas e a prática da convivência vai se difundindo como uma coisa normal.
Portanto, há muito a ser feito para que o povo entenda o sentido autêntico desse sacramento.
Sempre no âmbito pastoral, os bispos apostam muito na formação dos leigos. A meu ver,
isso é muito importante se se considera que na sociedade congolesa falta uma verdadeira
presença cristã, vez que faltam leigos formados nas esferas de decisões políticas
e econômicas. Trata-se de um problema, ao mesmo tempo, pastoral e social: ainda são
muito poucos os cristãos convictos e formados e, portanto, têm pouco peso nesses níveis.
Ao invés, é importante que haja lugar de testemunho da Igreja e, portanto, devemos
formar os fiéis acerca da Doutrina social católica e, em particular, formar os fiéis
com posições de responsabilidade para o sentido desse testemunho cristão."
Próxima
aos mais pobres, a Conferência Episcopal Congolesa lançou justamente no final de sua
35ª assembléia plenária, em abril passado, um apelo por um compromisso concreto contra
a miséria.
"A pobreza _ lê-se no comunicado dos bispos _ apresenta um dramático
problema de justiça." Por isso, os prelados exortam o governo "a promover uma política
eficaz de proteção social e de acesso duradouro ao trabalho". De fato, a Igreja é
um ponto de referência para o povo congolês.
Em 1980, visitando o Congo-Brazzaville,
João Paulo II afirmara que ali Cristo havia muitos amigos e que a Igreja africana
"estava madura para afrontar todas as contrariedades e todas as provações". (RL)