2007-10-14 15:42:08

"Salvação" é bem mais do que "saúde": sublinhou o Papa, ao Angelus. Bento XVI invocou a libertação de dois padres iraquianos sequestrados


Na alocução em italiano, para além do costumado comentário sobre o Evangelho do dia, o Papa referiu-se aos 90 anos das aparições da Cova da Iria, com o apelo evangélico ali renovado – “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” - que “continua a ressoar na Igreja.
"Hoje pensamos especialmente em Fátima onde, faz agora precisamente 90 anos, de 13 de Maio a 13 de Outubro de 1917, a Virgem apareceu aos três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco. Graças às ligações radiotelevisivas quereria tornar-me espiritualmente presente naquele Santuário mariano, onde o cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado, presidiu em meu nome às celebrações conclusivas de um aniversário tão significativo."
Saudando “cordialmente”, na pessoa do cardeal Bertone, os outros Cardeais e Bispos presentes, os padres que trabalham no santuário e os peregrinos vindos de todas as parte do mundo, Bento XVI confiou a Nossa Senhora uma intenção especial: “À Senhora pedimos, para todos os cristãos, o dom de uma verdadeira conversão, para que se anuncie e testemunho com coerência e fidelidade a perene mensagem evangélica, que indica à humanidade a via da autêntica paz”.
A sua bênção apostólica aos peregrinos de Fátima, exprimiu-a o Papa em língua portuguesa, nas palavras pronunciadas depois da recitação do Angelus, sempre em ligação directa com a Cova da Iria:
“Esta minha Bênção para quantos rezam comigo a oração do Angelus – fisicamente presentes ou unidos pelos meios de comunicação social – de bom grado a estendo aos peregrinos congregados no Santuário de Fátima, em Portugal. Lá, desde há noventa anos, continuam a ecoar os apelos da Virgem Mãe que chama os seus filhos a viverem a própria consagração baptismal em todos os momentos da existência. Tudo se torna possível e mais fácil, vivendo aquela entrega a Maria feita pelo próprio Jesus na cruz, quando disse: «Mulher, eis o teu filho!». Ela é o refúgio e o caminho que conduz a Deus. Sinal palpável desta entrega é a reza diária do terço.”
Prosseguindo ainda, a partir de Roma, da janela dos seus aposentos, esta sua saudação aos peregrinos congregados em Fátima, Bento XVI exortou todos a “renovarem pessoalmente a própria consagração ao Coração Imaculado de Maria”, vivendo com uma existência renovada este “acto de culto”: "Enquanto saúdo o Senhor Cardeal Legado Tarcisio Bertone, o Senhor Bispo de Leiria-Fátima e todo o Episcopado Português, bem como os demais Bispos presentes e cada um dos peregrinos de Fátima, a todos exorto a renovarem pessoalmente a própria consagração ao Imaculado Coração de Maria e a viverem este acto de culto com uma vida cada vez mais conforme à Vontade divina e em espírito de serviço filial e devota imitação da sua celeste Rainha. Nunca esqueçais o Papa!"
A concluir este costumado encontro dominical com os dezenas de milhares de romanos e peregrinos congregados na Praça de São Pedro sob um esplêndido sol outonal, o Papa evocou as trágicas notícias de atentados e violências que quotidianamente chegam do Iraque e que (observou) “abalam a consciência de todos os que têm a peito o bem daquele país e a paz na região”. Neste contexto, Bento XVI referiu expressamente a notícia do sequestro de “dois bons sacerdotes da arquidiocese siro-católica de Mossul, ameaçados de morte”.

FACCIO APPELO AI RAPITORI
“Dirijo um apelo aos raptores, para que libertem sem mais tardar os dois religiosos e, recordando uma vez mais que a violência não resolve as tensões, elevo ao Senhor um vibrante apelo pela sua libertação, por todos os que sofrem violência e pela paz”.
Na alocução inicial, em italiano, neste domingo ao meio-dia, na Praça de São Pedro, o Papa comentou – como habitualmente – o Evangelho deste domingo: a cura dos dez leprosos. Bento XVI observou que esta página evangélica “faz pensar em dois graus de cura: um mais superficial, diz respeito ao corpo; o outro, mais profundo, toca o íntimo da pessoa, aquilo que a Bíblia chama o coração, e dali irradia para toda a existência. A cura completa e radical é a salvação”. Justamente – observou – a linguagem comum distingue “saúde” e “salvação”. “A salvação é bem mais do que a saúde: é a vida nova, plena, definitiva”. Como diz Jesus: “A tua fé te salvou”.
"A tua fé te salvou. É a fé que salva o homem, restabelecendo na sua relação profunda com Deus, consigo mesmo e com os outros; e a fé exprime-se no reconhecimento. Quem, como o samaritano curado, sabe agradecer, demonstra não considerar tudo como devido, mas como um dom que, mesmo quando chega através dos homens ou da natureza, em última análise provém de Deus. A fé comporta pois o abrir-se do homem à graça do Senhor; reconhecer que tudo é dom, tudo é graça. Que tesouro escondido se encontra numa pequenina palavra: “obrigado”."








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