2007-10-10 13:35:42

IGREJA ARGENTINA ABALADA COM CONDENAÇÃO DE CAPELÃO CÚMPLICE DA DITADURA


Buenos Aires, 10 out. (RV) - A Igreja Católica argentina demonstrou comoção ontem à noite, ao tomar conhecimento da condenação do ex-capelão da polícia Christian Von Wernich, que cumprirá prisão perpétua por homicídio, seqüestro e tortura durante a ditadura militar (1976-83).
A sentença foi emitida pelo Tribunal de La Plata (60 Km ao sul de Buenos Aires).
"A Igreja na Argentina está comovida pela dor que nos causa a participação de um sacerdote em delitos gravíssimos", destacou o episcopado em uma nota. "Acreditamos que os passos da Justiça para o esclarecimento destes fatos devem servir para renovar os esforços de todos os cidadãos no caminho da reconciliação e são um apelo contra a impunidade, o ódio e o rancor", disse a cúpula eclesiástica.
A declaração é assinada pelo cardeal primaz da Argentina, dom Jorge Bergoglio, e por integrantes da comissão executiva da Conferência Episcopal.
A cúpula católica destaca que "se algum membro da Igreja (...) deu seu aval ou foi cúmplice da repressão violenta agiu sob sua responsabilidade, errando ou pecando gravemente contra Deus, a humanidade e sua consciência". "Pedimos a Jesus misericordioso e a Nossa Senhora de Luján que nos acompanhe neste doloroso caminho para a reconciliação".
Von Wernich, de 69 anos, foi considerado culpado de sete homicídios, 31 casos de tortura e 42 seqüestros, no primeiro julgamento contra um sacerdote ligado a uma ditadura da América Latina.
Ainda no âmbito do esclarecimento dos fatos ligados à história recente no país, a Equipe Argentina de Antropologia Forense está trabalhando em Santa Fé na identificação de 600 restos humanos encontrados nas duas últimas décadas, e que poderiam pertencer a pessoas desaparecidas durante a ditadura militar.

A Secretaria de Direitos Humanos de Santa Fé informou que coordenou, com sua equivalente nacional, o sistema que prevê a extração voluntária de sangue de familiares de vítimas da ditadura militar nessa região, que serão enviados aos Estados Unidos no próximo ano para formar o Banco Nacional de Dados Genéticos.

Miguel Nieva, da Equipe Argentina de Antropologia Forense, ressaltou à imprensa que "se trata de aumentar consideravelmente o número de identificações que estamos fazendo dentro do marco das investigações que efetuamos".

"A idéia desse projeto é ter acesso à tecnologia de DNA para poder realizar estudos com a mesma tecnologia que foi utilizada nas Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001", disse.

Em 16 de outubro, começarão a recolher as mostras de sangue dos familiares de pessoas desaparecidas em todo o país para formar o banco de dados. (CM)







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