2007-10-10 15:28:18

ARGENTINA: CAPELÃO NA DITADURA PODE SER CONDENADO À PRISÃO PERPÉTUA


Buenos Aires, 09 out (RV) – "Tinha a túnica manchada de sangue": essa foi a dura acusação lançada ontem, contra Pe. Christian Von Wernich, ex-capelão da polícia na província de Buenos Aires, no período da última ditadura militar no país (1973-83).

Pe. Von Wernich está sendo processado em La Plata. Uma das partes pediu a prisão perpétua para o ex-capelão. "Poucos casos dispõem de tantas provas como este" _ disse Alejo Padilla, advogado da família do jornalista Jacobo Timerman que, durante o regime militar, foi seqüestrado e submetido a enormes humilhações.

Pe. Von Wernich, que hoje está com 69 anos de idade, "era um genocida que colaborava com os militares e que não teve escrúpulos em utilizar suas vestes sacerdotais, para colaborar com os repressores" visto, entre outras coisas, que "participava dos interrogatórios dos detidos" _ sublinhou Padilla na audiência. Ele pediu a pena máxima para o imputado.

Compareceu à audiência de ontem, entre outros, o prêmio Nobel da Paz-1980, Adolfo Perez Esquível, o qual solicitou à hierarquia eclesiástica que adote uma posição em relação à conduta de Pe. Von Wernich.

O processo contra Pe. Von Wernich é o primeiro na história argentina, em que um membro do clero é submetido a julgamento, por seus atos durante a chamada "guerra suja".

O ex-capelão da polícia de Buenos Aires respondia às ordens de Ramon Camps, condenado, por sua vez, em 1985, a 25 anos de reclusão, por torturas e homicídios.

Pe. Von Wernich é acusado de sete homicídios, 31 torturas e 42 seqüestros cometidos em cinco campos de detenção clandestinos existentes durante a última ditadura militar.

A sentença deverá ser proferida nesta terça-feira, dia 9. (AF)







All the contents on this site are copyrighted ©.