A basílica de São Pedro deve ser um “autêntico lugar de oração, de adoração e de louvor
ao Senhor”: Bento XVI, recebendo os Cónegos do Vaticano
Bento XVI recordou que remonta aos tempos de São Gregório Magno (século VI) “a
presença ininterrupta de clero orante na basílica do Vaticano”: “uma presença contínua,
propositadamente discreta, mas fiel e perseverante”. Contudo, rigorosamente – observou
- este foi criado em 1053, quando o Papa Leão IX confirmou ao arcipreste e aos cónegos
de São Pedro, estabelecidos no mosteiro de Santo Estêvão Maior, as possessões e os
privilégios concedidos pelos seus antecessores. E foi em meados do século XII, “no
pontificado de Eugénio IV, que o Capítulo assumiu as características de uma comunidade
bem estruturada e autónoma”. Houve, portanto, “uma longa e gradual passagem de uma
estrutura monástica, colocada ao serviço da basílica, até à actual estrutura de Cabido”.
Bento XVI referiu os “múltiplos campos de empenho” nos quais se desdobraram, desde
o início, as actividade capitulares: o âmbito litúrgico, para a celebração coral e
para o cuidado quotidiano dos serviços ligados ao culto; o âmbito administrativo,
para a gestão do património da basílica; o sector pastoral, em que tocava ao Cabido
a assistência à população que vivia nas imediações de São Pedro (“o burgo”); finalmente
o campo caritativo, em que o Cabido desempenhava formas assistenciais próprias e outras
em colaboração com o hospital do Espírito Santo e outras instituições. “No século
passado, especialmente nas últimas décadas – observou Bento XVI – a actividade do
Cabido, na vida da basílica do Vaticano, foi-se progressivamente orientando para a
redescoberta das suas verdadeiras funções originárias, que consistem sobretudo no
ministério da oração”. “Se a oração é importante para todos os cristãos, para vós,
caros irmãos, é uma tarefa, uma profissão por assim dizer… A oração é serviço
ao Senhor, Que merece ser sempre louvado e adorado, e é ao mesmo tempo testemunho
para os homens. E onde Deus é fielmente louvado e adorado, nunca falta a Sua bênção.
Eis portanto a natureza própria do Cabido do Vaticano, e o contributo que de vós espera
o Papa: / recordar com a vossa presença orante junto túmulo de Pedro que nada
se pode colocar acima de Deus; que a Igreja está toda orientada para Ele, para a sua
glória; que o primado de Pedro está ao serviço da unidade da Igreja e que esta, por
sua vez, está ao serviço do projecto salvífico da Santíssima Trindade”. Dirigindo-se
aos Cónegos do Vaticano como “queridos e venerados Irmãos”, Bento XVI exprimiu a “grande
confiança” que neles deposita, e no respectivo ministério, “para que a basílica de
São Pedro possa ser um autêntico lugar de oração, de adoração e de louvor ao Senhor”. “Neste
lugar sagrada, aonde chegam todos os dias milhares de peregrinos e turistas de todo
o mundo, é necessário – mais do que noutros sítios – que exista junto do túmulo de
Pedro, uma comunidade estável de oração, que garanta continuidade com a tradição e
ao mesmo tempo interceda pelas intenções do Papa no hoje da Igreja e do mundo”.