DIGNIDADE E DIREITOS DO HOMEM ESTÃO ACIMA DOS INTERESSES DO ESTADO: DIZ REPRESENTANTE
VATICANO NA ONU
Genebra, 06 out (RV) - A dignidade do homem e os direitos humanos como prioridade
das políticas para os refugiados e para os que pedem asilo: foi o que pediu à comunidade
internacional o observador permanente da Santa Sé no escritório da ONU em Genebra,
na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, em seu pronunciamento dias atrás na 58ª sessão
do Comitê executivo do programa do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(ACNUR).
"Entre as questões políticas, as necessidades institucionais, as crises
imprevistas e os mecanismos de segurança _ afirmou o prelado _ a prioridade deveria
ser dada às populações desarraigadas, na medida em que são pessoas com direitos na
comunidade internacional."
Somente desse modo, segundo Dom Tomasi, de uma "globalização
dos direitos" pode nascer "uma globalização da proteção". Essa mudança de perspectiva
_ que coloca no centro os direitos como direta emancipação da dignidade humana _ apresenta
a questão dos refugiados para além dos interesses de cada Estado e obriga os governos
e os grupos sociais a dar uma resposta concreta ao problema.
Hoje _ afirmou
o arcebispo _ "a segurança dos Estados é considerada mais importante do que a proteção
das pessoas; os recursos financeiros são endereçados em outras direções".
"O
acesso ao procedimento de asilo _ acrescentou _ tornou-se sempre mais complexo ou
até mesmo impossível (...), enquanto as pessoas são obrigadas, mais ou menos de modo
permanente, a viver nos campos, sem que lhes seja garantido o direito à liberdade
de movimento e de acesso ao trabalho, uma situação que muitas vezes se transforma
em desnutrição crônica".
Em seguida, Dom Tomasi recordou que o número de refugiados
aumentou em cerca de dez milhões de pessoas, ao tempo em que o de deslocados internos
aumentou em cerca de vinte e quatro milhões.
"A opinião pública tende a aceitar
quase como normal o fato de milhões de seres humanos serem assim desarraigados e condenados
a condições miseráveis e dolorosas _ concluiu o representante vaticano. Mas acolher
os refugiados e dar-lhes hospitalidade é, para cada um, um gesto vital de solidariedade,
para ajudá-los a sentir-se menos isolados pela intolerância e pelo desinteresse."
(RL)