SANTA SÉ FAZ APELO PELA ELIMINAÇÃO TOTAL DOS TESTES NUCLEARES
Viena, 03 out (RV) - A comunidade internacional tem o dever de banir os testes
nucleares. Foi o que afirmou Mons. Michael Banach, em pronunciamento nestes dias em
Viena, na Áustria, como representante da Santa Sé na V Conferência para facilitar
a entrada em vigor do Tratado sobre a Interdição Global dos Testes Nucleares (CTBT).
Cento
e setenta e sete países aderem ao Tratado CTBT, estabelecido em 1996, mas somente
140 o ratificaram. Falta ainda a ratificação por parte de países como os EUA, a China,
a Índia, o Paquistão, o Irã e a Coréia do Norte. A entrada em vigor do Tratado _ ressaltou
Mons. Banach _ é mais do que nunca urgente e necessária no atual contexto "caracterizado
pela ameaça do terrorismo e pelas crises nas relações internacionais".
"Nessa
perspectiva, as medidas adotadas para combater o terrorismo nuclear e, mais em geral,
os instrumentos nacionais e internacionais para impedir às organizações criminosas
e a outros atores não-estatais possuir armas de destruição em massa, devem ser bem-vindas."
Ademais,
"os Estados _ acrescentou o delegado vaticano _ devem retomar o processo de desarmamento
nuclear. Para tanto, parecem necessários um renovado compromisso dos Estados a implementar
o Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares de 1968, e a declaração de uma eliminação
geral dos testes nucleares".
Para Mons. Banach, "os testes nucleares são ditados
pelo desejo de desenvolver armas sempre mais sofisticadas e perigosas. Portanto, são
indicativos de uma 'cultura de guerra e de morte' que coloca em risco não somente
a paz, mas _ dada a natureza particularmente destrutiva das armas nucleares _ a própria
existência da família humana. Por vezes, os Estados justificam os testes nucleares
recorrendo às exigências de segurança e proteção dos povos".
Mas "esse argumento
não consegue convencer" _ ressaltou o delegado vaticano: "de fato, conduz à proliferação
de armas, que, dada a sua capacidade destrutiva, são capazes de eliminar os próprios
povos que dizem proteger e defender".
Por vezes _ prosseguiu Mons. Banach _
"os Estados justificam os testes nucleares com o fato de buscar desenvolver armas
'inteligentes' ou 'limpas', isto é, armas nucleares cujos efeitos mecânicos, térmicos
e radioativos são limitados".
Mas também esse argumento não convence _ segundo
o representante da Santa Sé: "de fato, todas as armas nucleares têm indiscriminados
efeitos radioativos, que são danosos para a vida e a saúde dos seres humanos, e para
o ambiente".
"Portanto, a declaração de uma eliminação geral dos testes nucleares
_ afirmou _ é um dever da comunidade internacional para com todos os povos."
"A
Santa Sé _ concluiu Mons. Banach _ aprova o uso da tecnologia nuclear para fins pacíficos",
mas ao mesmo tempo ressalta que a segurança desses programas "depende de duas condições
necessárias: o abandono de projetos nucleares hostis e a eliminação geral dos testes
nucleares". (RL)