BISPOS DOS EUA E DA FRANÇA PREOCUPADOS COM DEBATE SOBRE MIGRAÇÃO EM SEUS PAÍSES
San Bernardino, California, 2 out. (RV) - A migração e os migrantes são prioridades
do episcopado dos EUA. Os bispos católicos estão preocupados com o tom que o debate
nacional sobre a imigração está assumindo no país.
Num comunicado, o bispo
Gerald R. Barnes, de São Bernardino (Califórnia), Presidente da Comissão para as Migrações
da Conferência de Bispos Católicos do país, expressa sua perplexidade com a proposta
de lei apresentada no Senado, em 28 de junho.
”O debate sobre a reforma da
imigração gerou análises e discussões, mas também uma rígida retórica contra os imigrantes
neste país, sobretudo contra aqueles que não têm um status legal”, denunciou dom Barnes.
”Fomentada pelas discussões radiofônicas e pelas organizações contra os imigrantes,
esta retórica provoca medo e incompreensões entre alguns segmentos da população americana,
o que cria um clima polarizado e negativo” – disse. Dom Barnes considera que o aumento
das iniciativas nos âmbitos federal e local não resolverá a questão da imigração ilegal,
mas fará que os imigrantes fiquem ainda mais na sombra, provocando medo em suas comunidades.
Os bispos estadunidenses reconhecem o direito do país a defender as fronteiras
e a pedir o respeito das leis sobre a imigração. No entanto, declaram, a aplicação
da lei deve respeitar os direitos humanos e a dignidade e reduzir ao mínimo a separação
das famílias.
Na mesma linha, a Igreja Católica francesa, que disse ontem
o seu “não” ao polêmico projeto de lei sobre a imigração, sobretudo no que diz respeito
ao reagrupamento familiar. “Nestes dias, em que os parlamentares são chamados a
pronunciar-se mais uma vez a respeito de um projeto de lei sobre a imigração, sentimos
a urgência de fazer ouvir a nossa voz” - referem os Bispos, em comunicado citado pela
agência France Press. “As medidas cada vez mais restritivas adotadas contra os
imigrantes são concessões a uma opinião pública dominada pelo medo” - indicou a conferência
episcopal. Os bispos criticam mais uma vez a idéia de uma ‘migração seletiva’: “os
cristãos recusam a idéia de escolher entre bons e maus imigrantes, entre clandestinos
e regulares” – afirmam. Na seqüência da nota, o episcopado francês expressa preocupação
com as condições cada vez mais restritivas impostas para a reunificação familiar,
e felicita os parlamentares de correntes políticas diversas, tanto da Assembléia Nacional
como no Senado, que se opuseram à imposição de exames genéticos para verificar os
laços de família. O texto é assinado por dom Olivier de Berranger, bispo de Saint-Denis
e Presidente da Comissão episcopal pela missão universal da Igreja e por dom Claude
Schockert, bispo de Belfort-Montbéliard, responsável pela pastoral para os imigrantes.
(CM)