TROPAS INVADEM MOSTEIROS E PRENDEM MONGES EM MIANMAR
Yangun, 27 set (RV) – Nesta quinta-feira _ nono dia de protestos contra a junta
militar que governa Mianmar (a ex-Birmânia) _ forças de segurança invadiram, pelo
menos seis mosteiros, e prenderam cerca de 200 monges. Segundo testemunhas, os soldados
invadiram os mosteiros no meio da madrugada, quebrando janelas e espancando os monges
que dormiam.
O Conselho de Segurança da ONU pediu calma à junta militar que
governa o país. De acordo com o embaixador britânico em Mianmar, Mark Canning, a polícia
e o exército aumentaram sua presença nas ruas de Yangum, a capital do país. As forças
de segurança também ergueram barricadas com arame farpado, em torno do Pagode Shwedagon
e da Prefeitura, onde os manifestantes vêm-se concentrando, nos últimos dias.
Um
repórter japonês está entre as cerca de nove vítimas da repressão aos protestos dos
últimos dias, contra os militares que governam o país.
Em Tamew, distrito do
leste da capital birmanesa, as forças de segurança _ que até agora detiveram cerca
de mil pessoas _ abriram fogo em duas frentes, contra milhares de manifestantes _
fato relatado por testemunhas. A ação repressiva ocorreu às 16h (hora local) quando
dois destacamentos do exército bloquearam a passagem da manifestação e começaram a
atirar contra a multidão.
Cerca de 70 mil manifestantes chegaram a se reunir,
nesta quinta-feira, no centro de Yangun, gritando palavras de ordem contra o regime
militar, como "venceremos!". No pagode de Sule, na "cidade antiga" de Yangun, outras
centenas de pessoas sentaram-se no chão, apoiando _ com cantos e rezas _ um grupo
de monges, até que as forças de segurança agiram, para dispersar os manifestantes,
com tiros e bombas de fumaça.
A China pediu a "todas as partes" da crise em
Mianmar, que se contenham, para evitar uma escalada da tensão, apesar de não ter condenado
a repressão militar contra as manifestações pacíficas, e de instar a imprensa internacional
"a não exagerar".
Líderes cristãos do Sudeste Asiático, entre eles o chefe
da Igreja Anglicana de Mianmar, arcebispo Samuel San Si Htay, e o secretário-geral
da Conferência Cristã da Ásia, Prawate Krid-arn, também manifestaram total apoio à
revolta dos monges budistas contra a junta militar birmanesa. (JD/AF)