DOM RUIZ GARCÍA: "NO MÉXICO, DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS SÃO TRATADOS COMO DELINQÜENTES"
Cidade do México, 24 set (RV) - No âmbito do Fórum Universal das Culturas 2007,
em andamento em Monterrey, México, concluiu-se o Encontro Mundial Inter-religioso,
que contou com a presença de católicos, protestantes, hinduístas e jainistas.
Na
conclusão do evento, interveio o bispo emérito de San Cristóbal de las Casas, Dom
Samuel Ruiz García, que fez uma dura crítica ao governo: "No México não há justiça,
e não pode existir paz sem justiça" _ disse o bispo. "Vim aqui, para denunciar o que
acontece neste país. No México, há uma tendência à repressão, a considerar os movimentos
de contestação potencialmente terroristas e a reprimir as manifestações com violência"
_ denunciou o prelado.
"No México _ prosseguiu Dom Samuel Ruiz García _ os
defensores dos direitos humanos são tratados como delinqüentes", referindo-se ao presidente
mexicano, Felipe Calderón. O bispo criticou ainda, a impunidade daqueles que são os
verdadeiros delinqüentes, impunidade respaldada por mandatos políticos, e denunciou
os desaparecimentos dos dissidentes _ que ainda hoje acontecem no México _ e o permanente
estado de violações dos direitos humanos. Dom Ruiz García é considerado um mito
"incômodo" no México. Ele abraçou a causa dos direitos indígenas e se ofereceu como
intermediário entre o exército zapatista e o governo quando, em 1994, se chegou à
insurreição armada. O bispo sobreviveu inclusive a um atentado de um grupo paramilitar.
O encontro inter-religioso que se concluiu neste domingo, faz parte do Conselho
do Parlamento das Religiões do Mundo, uma organização que se reúne uma vez por ano
e que tem como objetivo trabalhar com as comunidades religiosas e espirituais, num
esforço para alcançar a paz e a justiça no mundo. (BF/AF)