Padres e religiosos de etnia cigana reunem-se no Vaticano
(22/9/2007) “Com Cristo ao serviço do povo Cigano” é o tema do Primeiro Encontro
Mundial de Sacerdotes, Diáconos, Religiosos e Religiosas Ciganos, que decorrerá na
Casa das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo em Roma neste domingo e segunda-feira
, promovido pelo Conselho Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes.
A idéia de reunir os Ciganos consagrados nasceu sob o impulso das Orientações para
uma Pastoral dos Ciganos, documento do acima citado Conselho Pontifício, e publicado
a 8 de dezembro de 2005. Propõe, entre outras coisas, a preparação dos próprios Ciganos
para os deveres pastorais no meio do seu povo, e solicita uma pastoral vocacional
para facilitar uma autêntica implantatio ecclesiae em tal ambiente. Prevê-se
a participação de cerca de 40 pessoas consagradas provenientes de 10 países europeus,
do Brasil e da Índia. Quais são os problemas específicos que os ciganos consagrados
enfrentam na pastoral dos seus irmãos?Responde-nos o secretário do Conselho
Pontifício da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes, arcebispo Agostino Marchetto.
“Assim os resumirei: marginalização e condições de pobreza; precariedade das áreas
de parada, os assim chamados “campos nômades”; dificuldades de escolarizar as crianças,
com conseqüente alta taxa de analfabetismo (segundo a região isto varia de 50 a 100%);
preconceitos e estereótipos negativos que levam a conduta racista; dificuldades para
os Ciganos de acesso ao trabalho, à formação profissional e à assistência médica .
A estes problemas se acresce sentimento de inferioridade, a auto-marginalização,
a desconfiança, a separação da sociedade circunstante. Tudo isto obviamente se repercute
também nas vocações dos Ciganos. Assim, alguns sacerdotes e religiosos, por exemplo,
podem não querer apresentar-se por aquilo que são, isto é, Ciganos, com medo de serem
por sua vez discriminados. Não poucas famílias, portanto, consideram a vocação um
dom e um verdadeiro bem para os próprios filhos, mas o temor que estes poderiam perder
a sua identidade étnica, pode colocá-los contra tal opção de vida. “ O que é
que se propõe com a realização deste encontro?“ A Igreja há anos estimula os Ciganos
católicos a serem apóstolos, protagonistas na própria pastoral. Seguindo esta linha,
desejamos apóia-los na sua vocação e encorajá-los a tomar o lugar que lhes compete
“de direito” na evangelização e na promoção humana dos seus irmãos de etnia. Além
disso, estaremos atentos às suas observações e às suas sugestões de como criar ou
dilatar na Igreja e na sociedade espaços de autêntica comunhão e de solidariedade
com os Ciganos, e como favorecer concretamente a justiça, o respeito recíproco e eliminar
toda forma de discriminação e de Racismo”