V Fórum de Migrações da Caritas Europa:"direito a partir, direito a ficar"
(21/9/2007) D. Vincent Landel, Bispo de Rabat (Marrocos), foi a Portugal pedir que
a discussão sobre o fenómeno migratório se concentre mais sobre "o que se passa nos
países de partida". A posição foi defendida no V Fórum de Migrações da Caritas
Europa, a decorrer na Costa da Caparica ( Portugal) . “Construir Pontes ou Barreiras.
Explorando as complexas dinâmicas entre migrações e desenvolvimento" é o tema da iniciativa
que este ano se realiza em Portugal, aproveitando a presidência da União Europeia.
Para o prelado de Marrocos, cada pessoa deve ter "o direito a poder viver feliz
no seu país”, evitando assim a necessidade de procurar uma vida melhor em terra estranha.
D. Landel deixou ainda um desafio, pedindo que haja capacidade para repensar a
questão dos Direitos Humanos, "dando voz ao Islão". Em resposta ao Bispo de Rabat,
António Vitorino admitiu que "a política migratória, compreendendo a questão da admissão,
deve integrar-se no quadro global de políticas de apoio aos países de origem”. Para
este antigo comissário europeu, "as primeiras vítimas da imigração desregulada serão
os imigrantes que já se encontram nos países de destino". Vitorino sublinhou a
existência de um novo padrão de mobilidade humana, lembrando, por exemplo, o aumento
da imigração feminina. Isto exige" mais humildade, políticas mais flexíveis". O
Pe. Rui Pedro, antigo director da Obra Católica Portuguesa de Migrações, deixou críticas
a uma abordagem das questões migratórias "muito ligada à questão da admissão e menos
na integração". O missionário Scalabriniano denunciou um "retrocesso muito grande
a nível da defesa dos direitos humanos dos nossos emigrantes", visível nos recentes
casos de "escravidão" na UE que chegaram ao conhecimento do grande público. Sobre
a acção da Igreja, o Pe. Rui Pedro defendeu que "não basta ser eficientes no acolhimento
de emergência", mas lembrou que foi a Igreja Católica quem trouxe para a praça pública,
em Portugal, "a questão da Convenção da Bónus para a defesa dos direitos trabalhadores
migrantes e suas famílias".